quinta-feira, 6 de abril de 2017

Orange is new black e o protagonismo feminino nas séries Netflix


Orange is the New Black é uma série do Netflix inspirada no livro homônimo que conta a história verídica de Piper Kerman, uma mulher de classe média-alta americana e loira, que vai parar na cadeia por ter sido comparsa de sua ex-namorada traficante. A história mostra o dia a dia das detentas numa prisão de segurança mínima nos Estados Unidos. Claro que o seriado é um pouco mais caricato e romantizado.

O que me chamou atenção é que a série foi criada por uma mulher (Jenji Kohan) com base na história de vida de outra mulher (Piper Kerman) e dispensa clichês. Retrata as questões de gênero e diversidade de maneira primorosa, traz pontos sobre transsexualidade, casais lésbicos, questões raciais. E as contradições da vida na prisão.

 É uma comédia, tem diálogos engraçados, mas é também um drama, uma permanente angústia. Em um dos episódios, meninas menores infratores tem como medida sócio-educativa (usando o termo da legislação brasileira), visitar o presídio e conviver durante uma tarde com as detentas. Então, a tarefa das presas é assustar as adolescentes. Mas há uma menina, cadeirante, que não se assusta, não se deixa enganar pelo "terrorismo" das presas. Enquanto ela está no banheiro chega Pipper, que diz a verdade para a garota. Afirma que a pior coisa de estar presa não era nada daquilo que aparentemente assustava, que demonstravam os esteriótipos, mas sim ter que encarar a si mesma sem distração.

Assistindo o enredo, fiquei pensando o quanto a vida real se parece com a vida prisional em muitos aspectos, fundamentalmente no campo da subjetividade.  O quanto as relações afetivas são o que há de mais importante na vida, onde quer que estejamos. Mas lá, isso é tudo. Fora, temos muitas coisas que nos distraem e alienam, muitos subterfúgios para não encararmos nossos problemas... inclusive assistir Netflix (risos).

Pois é, a série é nesta pegada. Um humor fino, referências pop e diversidade dão o tom. Todas as principais personagens são mulheres. E são complexas. Os homens são coadjuvantes. OINB é realmente uma obra de arte e recomendo que assistam. Mas uma coisa tem me chamado muita atenção em várias séries que tenho acompanhado: o protagonismo feminino. 

Assisti Jéssica Jones, Homeland, The Crown, The Fall, e Orange is new black (espero escrever sobre cada uma delas por aqui), e em todas, a trajetória da percepção das mulheres sobre sua força e sua capacidade de liderar, de resistir as adversidades estão presentes e são marcantes. E isso é muito reconfortante, porque é uma questão que não se via tão facilmente há tempos atrás. Creio que isso deve causar impacto positivo na nossa autoestima, nos vermos representadas no entretenimento que consumimos. É verdade que ainda está muito aquém no que tange a representatividade das mulheres negras. Ao menos nestas séries que citei, todas as protagonistas são brancas. Mas já temos um avanço.

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