quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Poema sem nome II


Enquanto o que é vão tenta distrair minha alma,
As melodias me perturbam o coração,
E é nessa hora que o espelho insiste,
Refletindo o silêncio que não cala,
E revelando a recorrente solidão.

O amor semi-impossível bate a porta e resiste,
Mas não é apenas sonho com sua face definida,
E nem a suavidade dos namoros no portão...
Não é a realidade de se dividir uma vida,
E nem mesmo a concretude de um não.

E tudo que indefini está presente, o semi, o quase, o talvez,
Então resta apenas contar com o implacável tempo
Que ou sublima o impossivel, ou nos une de uma vez.

Este poema também é de autoria minha, do dia 12/03/2010. Também não tem título... eu o encontrei no meu e-mail e resolvi publicá-lo para deixar o registro no blog. Contudo, como quase tudo que coloco no blog é auto-biográfico, quero registrar que este poema não condiz em nada com o meu atual momento. Mas gosto dele.

Viagem


Acho que se juntar todos os quilômetros que percorri neste ano, seja de carro, a pé, de ônibus ou de avião daria para ir e voltar da China umas três vezes. Viajei neste ano porque este era o meu trabalho, minha prioridade em 2011 foi fazer política, por isso tive que percorrer o estado e também muitas agendas em outros estados brasileiros. Foi bom, não me arrependo... conheci lugares e pessoas que marcaram a minha vida, e me ensinaram muitas coisas. Um ano difícil, corrido, sob pressão, afetivamente confuso, mas bom. Contudo, fiquei meio traumatizada de viajar, seja para o trabalho, seja para ver alguém especial, passar horas e horas em rodoviárias, aeroportos ou no volante é algo que quero diminuir um pouco no ano que vem... detesto quando coisas boas são banalizadas... para mim viajar pelo Brasil e pelo Paraná ficou pesado, cansativo. Mas ao invés de ficar em casa, vou terminar este e começar o outro ano em viagem... na praia, sentindo o cheiro do mar...confesso que a idéia não me agradou muito no começo... mas acho que desta vez, comendo camarão e tomando Sol e cerveja, não vai ser pesado... vai ser leve leve.

Salão de Beleza


Fui pro salão de beleza refazer as luzes do meu cabelo... acho que ficou um máximo. Meu cabeleireiro é um artista. Gastei mais do que deveria é claro, porque paga-se pela arte, para além da tinta e do trabalho técnico. Acho que ir no salão é terapêutico... você já entra condicionada a pensar que vai sair linda e por causa disso, sai mesmo. Fora a conversa, nada mais divertido do que um cabeleireiro gay, com um humor ácido. Que entende tudo de horóscopo e quer saber todos os detalhes de seus últimos relacionamentos.  E gosto principalmente porque é leve... em conversa de salão vale tudo, desde que seja sem compromisso, fácil, senso comum... a vida é tão dura, mas tem alguns lugares reservados para a futilidade, são válvulas de escape coletivas e ótimas. É acho que fiquei realmente mais bonita com este cabelo. Adorooo.

Poema sem nome


Eu quase sempre me divido 
Entre ter meia alma e ter uma alma e meia
Eu me confundo em entender o profundo 
E desejar o vazio...
E me despeço de mim, com pesar, 
Ao ver meu retrato num livro cujo tema é a liberdade,
E vou possuindo menos aquela sensação juvenil de tudo poder
E acho que por isso vou podendo menos
E tantas contradições quase sempre congelam minhas ações
Que antes vinham como um desprendimento 
Cheio de segurança e autoridade
Então, as minhas sublimações vão ficando mais ricas 
Porque as ações ficaram mais pobres
E vou tendo assim a impressão de que não há escolha sobre quem ser
E que sou apenas o que se pode ser,
Sendo quem sou...


Este poema é meu, de 2009... não sei se já o publiquei por aqui no blog, mas vale a pena... momento deprê háa mais de dois anos atrás... e até hoje ele não tem um título.

Morre lentamente


"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem 
não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu 
amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma 
em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não 
muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem 
não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. Morre 
lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os 
pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as 
que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços 
e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, 
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se 
permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre 
lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva 
incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe 
indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando 
sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de 
respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio 
esplêndido de felicidade."
Pablo Neruda

Equilíbrio


Por Henriqueta Lisboa 


Estar não estando
no riso e no pranto.
Posso ir sem domínio dentro do possível.
Ser de si o oposto
sem deixar de ser
imóvel movente
que só por angústia
de tempo resvala
para achar o fluxo
do plectro em refluxo.
Pendente da sorte
do imã da força
dos próprios recuos, o pêndulo pende
mediante a tangência
de eflúvios
que estuam
adversos
à inércia.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Post anterior revogado

Meu último post deprê está revogado. Já me sinto bem melhor... nada como um pouco de ampliação do universo e exercício físico para produzir endorfina.  Planos para o ano novo fechados... (Kelly, amanhã te ligo para combinarmos direitinho, tenho uma contraproposta), e um convite bem mais que razoável para o carnaval. Sinto-me bem, leve como gosto de estar e como sou quase sempre. Adoro me reconhecer nos meus humores sejam eles ácidos ou suaves... o mais importante é me enxergar neles. Sinto-me eu mesma como poucas vezes me senti... 

Hoje eu quero sair só...


A palavra é melancolia... tento distrair a alma, mas me sinto triste, sem coragem, sem muita vontade. O coração machucado, um  choro contido. Este foi meu dia, uma tristeza pequena, mas profunda e instalada, uma agulha fina fincada em mim. Sempre que paro, olho pro nada porque olho pra dentro... sinto uma dor. Uma melancolia quanto a um ano que se vai e com ele vai muito de mim... vão pessoas que eu amei, que amo e que por algum motivo já não fazem mais parte da minha vida e nem eu da delas. Que loucura isso... tem tanta coisa dentro de mim, tanto sentimento mal resolvido, tem tanta contradição... Eu só quero que o tempo passe, que venham novos tempos. Que haja novas motivações em minha vida... a gente vai buscando, catando os pedaços da gente no chão, se observando, se entendendo melhor, percebendo melhor quem a gente é... o que realmente queremos. Agora, neste momento eu quero apenas sair só e escrever, liberando as toxinas da minha alma, até tudo voltar a ser colorido.

EU


Conversando com uma amiga minha mais velha, falando de relacionamentos... ela me disse que se arrependeu de ter casado cedo, tido filhos cedo e não ter investido de maneira contundente em uma carreira. O óbvio, quase todo mundo que fez isso, no mínimo tem ressalvas. Na verdade não conheço ninguém que tenha feito isso e não diga que teria feito diferente. Tanto homens quanto mulheres que não curtem sua juventude, que deixam de estudar, de ter uma carreira sólida, de construir individualmente aquilo que gostariam de ser, fazem um discurso (depois de 20 ou mais anos passados) de que não deveriam ter feito isso... ouço tais lamentações desde criança, tanto dentro de casa, como fora... e só vejo jovens apaixonados ou pastores evangélicos fazerem  algum tipo de defesa diferente, de que se pode construir tudo junto, ter filhos sem planejamento e ser feliz. Acho até possível ser feliz assim... desde que haja muita serenidade no coração, mas principalmente, que os mundos de ambos, nunca se amplie. 
A maior razão da maioria das separações é que as pessoas mudam ao longo dos anos. As pessoas casam-se super jovens, fazem planos, e seguem... mas de repente, acontece algo na vida só de um. Um dos cônjuges passa a ter acesso a outro tipo de experiência, destas que a gente deveria ter na adolescência e juventude, tipo... se sentir desejado, se sentir importante, desafiado... conhecer lugares fantásticos, pessoas apaixonantes, ouvir histórias que vão além, ler livros que trazem elementos nunca vistos, etc. E aí, no início eles tentam dividir isso, o que ampliou seu mundo tenta convidar o que ficou para vir junto, ver tudo o que está vendo. Mas sabe o que acontece, no geral? O outro não vai, se revolta, por que os seus planos tão preciosos tem que ser mudados, se sente injustiçado, com ciúme, com inveja... e começa a sabotar o mundo fantástico que o outro descobriu. O que acontece no fim... divórcio.
Desejo, desafios, experiências, viagens, auto-estima, conhecimento, estudo, carreira, são coisas que o ser humano se apaixona. E faz com que consigamos, depois de esgotar, de viver tudo isso, nos sentir mais completos para nos relacionarmos, desde que, seja recíproco, que ambos estejam prontos, tenham tido experiências parecidas. Aí, numa perspectiva mais madura, de ter vivido um Universo amplo, aí podemos pensar em ter um relacionamento que seja para ser duradouro, ter filhos... Sabe porquê? Porque aí, não teremos mais necessidade de auto-afirmação e o outro não será vítima de nossas carências e inseguranças... não procuraremos alguém para nos completar... teremos a plena noção de quem somos... de forma sólida, sedimentada... tanto profissional, espiritual, quanto afetivamente... e aí sim, seremos capazes de mergulhar num mundo lindo de afetividade,  de amor. Mas não antes. E viva  o século XXI, no qual as mulheres também podem fazer essa opção.
Pode ser diferente? Com certeza, acredito que a vida não é linear... cada caminho louco que volta e meia rola... mas para mim não... quero ser inteira, relativamente completa, independente, segura, para não jogar minhas expectativas em cima de ninguém... e consequentemente também não depositar minhas frustrações nas costas dos outros.

Lentidão


Acho que tenho um tempo de maturação das coisas bem específico... quando fazia Direito, volta e meia, em algumas matérias, eu demorava mais do que o resto da turma para entender algumas coisas, algumas matérias, me sentia com auto-estima super baixa por isso... mas sobrevivi, me formei em cinco anos como quase todo o resto, e tenho meu diploma. Sou assim, meio lenta em um monte de coisas, demoro e demoro e se alguém tentar me apressar, desrespeitar os meus tempos, corro, fujo desta convivência. Demorei um tempão para tirar carteira de motorista, reprovei cinco vezes no teste prático, foi terrível, mas hoje tenho carteira, como quase todo mundo, quase todas as minhas amigas da minha idade estão casadas  e com filhos o que é absolutamente normal aos vinte e seis e vinte sete anos e eu me sinto super despreparada para isso... não me imagino nesta situação e no fundo tenho uma certa dó de quem está (com algumas exceções). 
Demoro meses para entender o que acontece comigo emocionalmente falando, precisei de anos de psicanálise para compreender o básico, aquele lance das relações com pai e mãe, primeira infância e tudo o mais... e tenho uma real dificuldade para abrir mão das minhas relações... fico amiga dos meus ex-namorados para poder continuar convivendo com eles e entender direito o que aconteceu, e nunca entendo como tanto eu como eles podemos ser ótimos amigos e como namorados era o caos. Também tenho um tempo específico para demonstrar carinho, afeto. Sou capaz de demonstrações de amor imensas, desde que partam de mim, no meu tempo... minha amiga Kelly me liga toda semana, ela super investe na amizade, acho lindo isso, e ainda bem que ela faz, porque não sou de ligar, mas isso não significa que eu a amo menos, poderíamos ficar meses sem nos falar, que seríamos amigas do mesmo jeito, como é com a Sara, cuja personalidade é mais parecida com a minha, ficamos meses sem nos ver, sem nos falar, mas quando nos encontramos parece que foi ontem. 
Sou assim, lenta, despreocupada, não gosto de provar nada, gosto dos acontecimentos naturais... e quem sofre de ansiedade não pode conviver comigo. Acho até que isso é de família, tenho o sossego do meu pai... esqueço o inesquecível e dou mancadas homéricas devido a minha despreocupação... o ditado popular que mais gosto é "o que não tem remédio, remediado está".
Tenho muito mais sorte que juízo... as pessoas que convivem comigo e me amam de verdade sabem disso, e nem se preocupam mais, ainda bem... ainda bem, isso prova que no mundo cabe todo tipo de pesonalidade.

Sugestões


Ao estudar as estatísticas do meu blog descobri que mesmo sem o facebook para divulgar, continuo tendo uma quantidade razoável de acessos... metade do que tinha. O que só prova que a grande maioria dos meus 2100 amigos no facebook nem notaram a minha saída, nem eram meus amigos, e uma parcela deles não era ao menos de conhecidos... por causa da militância antes no PCdoB e hoje no PT (que a gente acaba conhecendo muita gente e não lembra direito) eu havia adotado a política de aceitar todas as pessoas que me adicionassem desde que tivéssemos amigos em comum... não foi uma boa política, muita gente sem noção e desconhecida pedia para ser amigo só para aumentar sua lista e parecer mais popular no face (que coisa horrorosa). Mas ok, o fato é que o blog continua e eu estou adorando ficar por aqui, teve gente que foi pro google e digitou meu nome para achar nosso endereço... fiquei super orgulhosa!!! Mas a verdade é que existe vida após o face, e gostaria de compartilhar alguns blogs e sites que valem a pena serem visitados e que estão fazendo com que eu gaste meu tempo de maneira mais útil e inteligente:

http://luizfelipeponde.wordpress.com/
http://julianacunha.com/blog/
http://cozinhadonosense.blogspot.com/
http://tudopalhaco.blogspot.com/
http://www.ipimaringa.org.br/esperanca.php

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Facebook


Não sou uma pessoa tecnológica... quase zero toda prova de concurso na parte de informática. Meu celular só uso a parte de atender e ligar e quando raramente tenho crédito mando mensagens (principalmente quando bebo), tenho um computador que provavelmente se eu soubesse mexer nele direito ele faria uma lasanha para mim, mas como não sei, uso a internet e o word, ouço músicas porque um amigo generoso colocou pra mim, se não nem isso... e tenho um blog por que é muito fácil mexer nele e por causa da minha necessidade de escrever... e também por vaidade, acho. 
Diante disso, o fato de eu ter saído das redes sociais, é algo bem cabível, ainda estou me adaptando, mas já começo ver bons resultados, a começar porque estou escrevendo mais... depois porque comecei a estudar para o concurso de delegado da polícia civil do Paraná... coisa que o facebook estava atrapalhando, me tomando um tempo precioso de vida... também estou lendo mais, assistindo minhas séries e saindo mais.
Contudo a melhor coisa de sair do facebook não foi o fato de ter mais tempo para mim... foi na verdade me preservar de ver coisas que me machucam... porque ao estar na rede podendo acessar a vida de quem quer que seja volta e meia eu entrava na página de pessoas que já fizeram parte da minha vida e por motivos tristes acabaram por não fazer mais... e isso me fazia mal. Não sou uma pessoa disciplinada, com muito controle da minha curiosidade, então entrava, olhava os movimentos alheios de vidas que eu já fiz parte... e doía e doía. Então, aproveitando o fim triste e necessário de um namoro, saí. Saí para não ter que ver mais uma pessoa que amei e fez parte da minha  vida durante boa parte de 2011 organizando sua vida sem mim... redes sociais são uma forma de convivência, e podemos optar por não tê-las, caso elas nos incomodem ou machuquem. 
Uma vez um cara que gostava de mim saiu do face porque não queria mais me ver todos os dias e eu julguei super mal, achei cafona e infantil... mas a vida é dinâmica e cá estou fazendo algo bem parecido... cuspi pra cima e caiu na testa. Faz parte, a vida é dinâmica e com ela a gente aprende que não tem moral mesmo... vive se contradizendo e revendo o que diz. Tanto é verdade, que eu estou aqui falando mal do facebook, mas provavelmente, na hora que passar a minha dor, vou voltar, como se nada tivesse acontecido.

The Walking Dead


Adoro perder meu tempo com várias coisas, e em dezembro e janeiro sou profissional em vegetar na frente da TV assistindo séries americanas dos mais diversos tipos, comendo muito e curtindo um sedentarismo crônico, ao invés de dedicar essas preciosas horas ao estudo ou ao exercício físico, aproveitar o Sol, a praia, ou qualquer coisa de gente normal e sadia em tempos de verão... no ano passado, meu irmão (o maior responsável pelo meu vício) me apresentou uma série que acho assustadora... chama-se The Walking Dead, é de zumbis... uma doença que praticamente dizimou a humanidade transformando todos em zumbis, mortos-vivos, cuja única função da existência é alimentar-se dos seres humanos que restaram. A série é ótima, e está na segunda temporada, e eu que sou meio psicopata, assisti todos os sete episódios que já saíram em uma única noite, sozinha... bem medonho... mas muito legal, é difícil eu ter tensão por causa de filme ou série, mas confesso, deu medinho. O legal da série não é somente o tema dos mortos-vivos, o bom é como o autor constrói as relações. Mostra que se ainda lutássemos de forma rudimentar pela sobrevivência, nossos valores morais seriam outros. E as pessoas que seriam líderes também seriam outras (o que se formos pensar em Brasília, até que não seria uma má idéia)... somente aqueles aptos a luta, a sobrevivência, com vigor físico, inteligência objetiva, agilidade e por aí vai... fico pensando como era há mil anos atrás, quando nada do que temos hoje de tecnologia existia... a vida era assim, pela sobrevivência, os valores também eram outros... e a minha conclusão é que eu não gostaria de viver neste tempo. Mas recomendo a série... tem origem em quadrinhos e é sensacional...

Por Fernando Pessoa

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres. 

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo! 

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Tempo


Um Passado imenso,
O presente um labirinto,
O futuro indo.

Labirinto


A vida é labiríntica. Não óbvia. Adoro isso, mas é sempre dolorido. No geral estamos preparados para o linear, para aquilo que planejamos. E quase sempre, tudo sai dos trilhos. Vem um fato e nos joga para fora de nosso roteiro, as vezes de maneira violenta e avassaladora... tem momentos que não sobra nada da gente, ou muito pouco. 
Tudo o que queremos é nos sentirmos amados e termos condições de vida com qualidade. Por isso fazemos tudo o que fazemos, trabalhamos, estudamos, nos arrumamos, lutamos... porque queremos segurança. A segurança da subjetividade através do amor, do afeto, e a segurança objetiva, que no nosso mundo, é dinheiro. 
Aí  quando encontramos alguém, traçamos um plano, e a gente começa a dar passos em direção a ele... o problema é que a paixão cega, e qualquer noção de não linearidade da vida fica tímida. Quando estamos amando alguém tudo o que queremos é sermos comuns. Queremos ser apenas mais um dos milhões que se casam, tem filhos e vivem felizes para sempre (risos)... 
Contudo, não é isso que acontece... volta e meia a vida inverte tudo e nos dá uma bofetada... acaba que temos que passar por um processo doloroso, cujo centro da dor passa por abrir mão de sermos amados... por desacreditar nisso. O que é a maior violência de todas. Abrir mão do amor do outro que você acreditava ter... que te encorajava para a vida, que te fazia forte, como dói... e ainda ficar com o amor nosso pelo outro gritando dentro da gente... que coisa mais horrível que é isso.
Também é violência abrir mão de sonhos e projetos, cada detalhe da vida medíocre que a gente sonhou...  como é difícil abrir mão do nosso lugar comum... da zona de conforto que achávamos que havia. 
Nos resta encarar seguir em frente no labirinto da vida... numa condição realista de que somos, do ponto de vista humano, seres solitários na essência... buscando não ser. 


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Memória seletiva


Aos poucos os ânimos se acalmam... as brumas se dissipam diante dos olhos e tudo vai ficando melhor. Porque a vida é assim... a arte de seguir em frente. E cada dia que passa vamos ficando melhores nisso, em juntar os cacos e recolocá-los. Nunca voltamos a ser o que éramos depois de quebrar o coração, mas a idéia é está mesma, nos tornarmos mais fortes, ainda que doa muito. 
Estou lendo um livro legal, presente do meu pai...  o livro é de Ricardo Setti, mas é sobre suas conversas com Vargas Llosa, Nobel em literatura em 2010... o engraçado é como me senti uma fraude diante do livro, porque nunca havia lido nada de Vargas Llosa, mas me interessei, apesar de ele ser totalmente avesso ao marxismo, que confesso, ainda tenho inclinações. 
Tenho vontade de escrever literatura sabe.... acho que sou muito óbvia nas crônicas e nos poemas, indiscretamente auto-biográfica, gostaria de ter genialidade para me camuflar em minhas obras, para deixar minha imagem discreta, para distribuir minhas neuroses entre vários personagens. E por isso admiro quem o faz. Mas voltando ao Vargas Llosa, ao falar de sua obra e sobre o fato de só ter escrito sobre seu país quando estava distante disse: "A distância purifica essa coisa tão complicada que é a realidade - a realidade imediata é uma imensa vertigem que ao mesmo tempo produz exaltação e paralisia". Acho que isso serve para a vida... a realidade é difícil, produz um turbilhão dentro da gente que mistura sentimentos. Mas a distancia começa a deixar tudo mais sereno, mais em paz... isso serve para os lugares, para os relacionamentos, para o tempo... quanto mais distante estamos, mais as imagens vão se purificando, mais a realidade vai dando lugar a idealização... por isso que quem está no nosso passado parece tão mais perfeito do que aqueles que estão no nosso presente... por isso que a infância é tão exaltada pelas pessoas. 
Eu particularmente acho que não tem fase da vida mais medonha do que a infância... somos vulneráveis, todos nos enganam, somos dependentes e com uma necessidade de sermos amados e cuidados que geralmente não é suprida por inteiro... ah, e fora como os nossos iguais, as outras crianças, são cruéis. Horrível, mas todo mundo acha lindo ser criança, todo mundo fica querendo voltar para trás. 
É isso, a realidade é dura, a memória é seletiva e somos quase sempre uma fraude... enganamos a nós mesmos com uma imagem nossa e dos outros que não é real. Acho que preciso ler mais para me sentir menos fraude, ler os clássicos, ler ao menos o mínimo necessário para poder nivelar um pouquinho o meu muito me achar com aquilo que realmente sou... e escrever... preciso escrever muito mais, porque assim entre poemas e crônicas, entre e-mail e cartas, registro o que realmente sinto no momento em que a coisa aconteceu, publico para mim mesma o que eu realmente achava daqueles que estiveram em minha vida e o que eu achava de mim... assim corro menos risco de idealizar ou crucificar alguém no meu coração... quem sabe assim passo a ter mais noção do real.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Serenamente


Serenamente eu relembro os dias,
E me pergunto porque estive lá.
A ausência de paz constante,
O excesso de tanto falar.
Lutos que não eram meus,
Produções que não eram minhas,
Um lugar que não era meu...
Uma vida que não era minha.
A ansiedade reinante.
A promessa do aconchego que nunca veio.
A duvida constante.
O excesso de receios.
Silêncios invadidos, amores massacrados.
Afetos não compreendidos.
Cordas que de tanto esticar, arrebentam.
Comidas para a alma que não alimentam.
Diante de um tempo que é passado recente,
Que a incomodação é latente,
Resta somente deixar o tempo passar,
Para poder curar uma dor.
Uma dor dessas que nunca se cura,
Que aprende a se agregar na gente,
Que vira lembrança distante na mente,
Quase discreta, incolor,
Mas ainda assim dói,
Por que mesmo diante de tanta contradição,
Insanidade, desfavor...
Esteve ali meu coração,
Cometendo a loucura de construir o amor.

Autenticidade


Não sei ao certo quantos leitores me restarão devido a minha ausência das redes sociais. Contudo, tenho certo que alguns ficarão... gosto que as pessoas leiam meus textos, mas sei bem que, em última instância, escrevo por que me é visceral. Quando fico sem escrever tenho a impressão que algo dentro de mim apodrece, por isso, escrevo, para jogar toxinas para fora, para limpar a alma. Então vou preservar o blog... não estou mais no facebook e nem no orkut, é claro que do orkut já fui tarde... do face foi uma opção de não exposição... e também por economia de tempo... claro que eu vou sofrer crise de abstinência, mas será uma boa experiência. Mudanças me deixam meio desconfortável, mas gosto delas... sair das redes é uma mudança que pode ser temporária, mas é simbólica, quero começar o ano cheia de transformações. E para além dessas que já citei, estes dias li o blog de uma pessoa que gosto e achei muito interessante sua proposta para 2012... disse que sua principal meta é ser menos fraude em 2012. Achei ótimo, pois tenho uma teoria que a maioria das pessoas se sente uma fraude, que no fundo fazem uma auto-promoção de si mesmas que não condiz completamente com o real, ou as vezes até condiz, mas a pessoa não se sente... e quero isso para mim em 2012, ser cada vez mais autêntica. Assumir menos as coisas que sei que não darei conta.... acho que isso é pura arrogância, querer salvar o mundo, apresentar soluções para problemas que não são nossos. Quero parar de assumir responsabilidades que não são minhas, cuidar de pessoas que não são os meus. Também não quero abrir mão de nenhum traço da minha personalidade... há algumas convicções que tenho que são valores, que foram sedimentadas em mim a muito tempo e com muito cuidado... minha concepção de modelo de vida, de completude que foge ao senso comum, não aceitando que nos relacionamos com alguém para nos sentirmos completos. Somos completos em nós mesmos e nos relacionamos por outros motivos ... essa concepção é algo que não vou abrir mão. Meu entendimento da importância da individualidade (que é diferente de individualismo), de ter meu espaço objetiva e subjetivamente respeitado, quero que permaneça e ganhe proporções ainda maiores. E nunca, nunca quero ter que demonstrar nenhum tipo de afeto por obrigação, por causa da demanda do outro... afetividade, amor, carinho é fato, não dá para pedir. 
Estou falando isso, reafirmando meus princípios, criando prova do que eu penso ao escrever neste post e publicá-lo para que ninguém esqueça e nem mesmo eu, de que sou assim. Para que ninguém tente a façanha (que já nascerá fracassada) de me mudar... não quero estar com alguém que tenha valores muito diferentes dos meus. Sou assim, como diz meu pai, uma alma de cem anos, que não engole papo bravo de fazer tudo juntinhos, de só tomar decisões juntinhos, de ser sempre sincero, o típico sincericídio que só acaba de destruir a auto-estima das pessoas. Ninguém é sempre sincero... somos cheios de segredos, de gavetas trancadas que nunca serão abertas.... somos um infinito particular, no qual ninguém estará nunca pronto para entrar. Com o tempo revelamos parte do que somos ao outro... mas jamais alguém terá a real dimensão de quem somos... o senso comum, o machismo, a pobreza de espírito, a ignorância, a inocência e etc adora hipocrisia, adora pensar que um casal que se ama será a mesma coisa, que se misturarão de tal maneira que não haverá nenhum abismo entre eles nunca jamais. Se isso fosse verdade, não haveria tanto divorcio por aí. O melhor não é essa hipocrisia de que seremos felizes para sempre e de que não vivemos sem o outro, todo mundo vive sem o outro, pode não querer viver, mas vive... o melhor é reconhecer que a coisa não passa por aí... que tudo na vida tem chance de não dar certo, que as pessoas são imensas em sua individualidade, que há questões que não dizem respeito ao cônjuge, que ninguém pode completar ninguém, que o amor só vive se for espontâneo e tiver liberdade. Penso que se entrarmos num relacionamento sabendo disso, abrindo mão das nossas ilusões infantis dos contos de fadas... se colocarmos a prova as concepções pequenas da ignorância vigente... acho que teremos infinitamente mais chances de fazer dar certo e construir bons relacionamentos não baseados em ilusões (contudo, teremos apenas mais chances, porque nada é realmente garantia), mas baseados na verdade de que somos humanos. E vamos a 2012... com o foco de sermos cada vez mais nós mesmos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Quando...


Eu hei de simplificar,
Quando sorrir abrir,
Quando doer fechar.
Eu hei de complicar,
Quando puder falar,
Quando quiser calar.
Eu hei de escolher,
Quando entender seguir,
Quando confundir parar.
Eu hei de mergulhar,
Quando em mim amor,
Quando em ti, amar.

O Ritmo da Vida



Acho estranho como as pessoas misturam suas inúmeras faces internas com aquilo que lêem ou ouvem. A interpretação textual de muitas pessoas é totalmente parcial... tipo assim, cada um ouve ou lê aquilo que quer, distorce as palavras do outro em favor ou desfavor de seus sentimentos. Não gosto disso, isso me cansa, cansa ter que explicar o que está explicado... por isso escrevo, para resumir, facilitar, entregar a mensagem para que talvez baste isso. Gosto das palavras. Acho o texto ou a fala instrumentos lindos e fundamentais, a verbalização. Contudo, não aceito isso como o único viés de entrega de mensagem. Acho que há muitas formas, um gesto, um olhar, e até um silêncio... gosto da serenidade, de um dia após o outro, da paciência, gosto de esperar para ver, sentir, gosto de deixar os sentimentos amadurecerem, não gosto das precipitações, das muitas sedes aos potes da vida... é preciso calma, é preciso elaboração. Tudo tem seu tempo de maturação... e gosto, gosto do ritmo da vida, e de um dia após o outro.

Todo dia



Acho que deveria haver um dia
Que fosse o dia de muita coisa,
Deveria haver um dia que selasse o direito a ficar só,
E neste mesmo, acumular o dia do silêncio,
O direito de não se explicar,
O direito de não ter que dizer nada por obrigação,
O direito de não ter o amor encurralado pelas perguntas,
E junto a isso, ainda ser garantido e determinado
A paciência e a serenidade,
A lógica da não invasão,
A não permissão de projetar os próprios gostos e anseios
Na alma que não é nossa...
Deveria haver um dia como esses,
Que fosse comemorado, instituído de tempos em tempos,
Mas ao invés de uma vez por ano,
Como se trata de viver o amor em liberdade,
Respirando,
Este dia deveria ser direito todo dia.

Axiologias Invertidas



Letras embaralhadas,
Palavras trocadas,
Numa preferência duvidosa,
E quase sem razão.
Um pano de fundo,
Uma superfície superfície.
Uma linha, um labirinto,
Que faz eu não saber ao certo
O que é menos bonito.
Talvez axiologias invertidas
Sejam a única razão
E deixem tudo sem sentido.
Pois de repente o labirinto
É simplicidade,
E as linearidades ficam ausentes
da suavidade que deveriam ter.
Porque é a leveza, a bruma leve
A justificativa da existência
Daquilo que não vai fundo,
E que por isso, por não pretendendo ir,
Acaba por acontecer.
Contudo, a razão da profundidade,
é seu longo e difícil caminho a percorrer,
Por que ao ultrapassá-lo, ao exercitar-se
Em formação tão dificultosa,
Por tanto embate e não enxergar,
Treina-se os olhos e no fim
Aprendemos a ver tudo,
Aprendemos até a arte de simplificar.
Então estranho, estranho eu...
E vejo estranho,
E o labirinto,
Capaz de confundir os olhos,
Capaz de subverter a razão,
Sim, este o faz,
Mas não porque faz,
Subverte pelo não realizar de sua subversão,
Por não expor sua realidade complexa,
Não inviabilizando a simplicidade,
Tornando-se linha reta.
Quase trazendo solução.
Enquanto isso,
As linhas retas não respondem ao seu linear,
Não reconhecem o meu linear,
Deixam de ligar dois pontos,
Esquecem de serenar.
Enquanto isso,
Me pergunto se as axiologias
Estão mesmo invertidas,
Os se são estas no fim suas razões...
Enquanto isso,
Diante de tanto reinventar da vida,
Que não se cansa de mim todo dia,
Ando cansada e meio assim, perdida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O post mais idiota do mundo- não leia

Estou cansada deste blog... pensando seriamente em salvar na memória do meu computador os meus posts (talvez alguns tenham valor real pra mim), e destruí-lo. E aproveitar e destruir minha página no facebook, minha página no orkut (que já quase nem entro mesmo), criar um e-mail que poucas pessoas tenham. E voltar a escrever cartas aos melhores amigos, e usar uma caderneta para escrever crônicas e poemas... e destruir, destruir e destruir toda essa parafernália virtual que me toma tempo e me causa problema idiota. É essa é a minha vontade, agora... contudo, vou esperar passar minha TPM e qualquer outra tensão que haja em mim. E tenho certeza que mudarei de idéia... porque já passei de uma fase idiota da vida (que muita gente nunca sai) de achar que aquilo que a gente pensa quando não está legal vai permanecer como uma convicção depois... então é isso, desculpe se alguém perdeu tempo lendo este post idiota, de um momento idiota... que amanhã irá passar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Neste ano aprendi


Hoje é o primeiro dia do último mês do ano... tipo, o início do fim de um ano meio estranho. Afinal foi o primeiro ano da minha vida que eu não coloquei nas fichas preenchidas "profissão: estudante". Que não tive férias de três meses e nem passei madrugadas estudando para garantir a prova do dia seguinte. Sinto falta de estudar de forma obrigatória... passei a vida fazendo isso, então acho que fiquei condicionada. Mas de qualquer maneira, foi um ano bom. Ontem, ouvi uma pessoa dizer que não foi quem gostaria neste ano. Acho que ninguém nunca é exatamente quem gostaria... a gente sempre coloca metas e não consegue cumprir todas elas... a vida sempre surpreende nos mostrando caminhos que não imaginávamos, e nos obriga a seguir em frente. Acho que este ano foi um dos mais importantes da minha vida, talvez eu vá ter a real dimensão disso só daqui alguns anos. Neste ano comecei trabalhar, neste ano percebi que não é porque algumas coisas me motivam que elas tem que dominar a minha vida, neste ano percebi que amar alguém não é um departamento da vida que a gente acessa quando tem vontade ou está meio carente, neste ano percebi de verdade que amar e buscar a Deus é a melhor coisa que pode acontecer na vida, neste ano percebi que tem coisa na vida que não adianta insistir, que por mais que a gente se esforce, não vai dar certo porque tem uma natureza diferente daquilo que a gente quer, neste ano descobri que a vida realmente não é linear e que em um instante tudo, absolutamente tudo, pode mudar. Neste ano, entendi que tenho poucos amigos de verdade, muito poucos, mas aqueles que são, serão para sempre, aprendi que não importa o que aconteça, Deus está no controle da minha vida, e sabe o que faz... enfim... aprendi mais do que em todos os outros anos. E no ano que vem... ainda não sei, não tenho grandes metas, além da consolidação daquilo que já vem sendo construído... a única coisa que sei, que quero aprender mais sobre o amor, aprender a amar mais, a Deus, ao meu namorado, a minha família, as pessoas em geral... por que neste ano aprendi, que as melhores intenções do mundo, não valem nada, se perdem se suas bases não estiverem constituídas com amor.

Celebrando a vida



Os dias de primavera são lindos... desde as sete da manhã o Sol já brilha forte, o verde se ilumina, o cheiro lembra felicidade. E eu finalmente consegui regular meu sono, voltar a dormir cedo e acordar cedo. E um ânimo sem precedentes toma conta de mim... ontem foi um dia especial, destes nos quais a alma regozija-se... um dia lindo em relação as coisas importantes da vida... o amor, as amizades, as descobertas. Por isso hoje me sinto assim, suspirando de gratidão, celebrando a vida, comemorando o presente e construindo o futuro... e por falar em futuro... um futuro próximo... faltam menos de 22 horas para o meu encontro com meu amor.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Transbordando de amor



Ao longo de um dia penso e vivo muitas coisas... trivialidades daquilo que me compõe. Muitos pensamentos me vêem. Coisas como a percepção de algo belo, admirável... aprendizados simples de como se faz uma comida, a descoberta de um produto novo no mercado... a percepção subjetiva que se tem ao ler um texto, um dia bonito, um cheiro diferente. E assim como vem, vão embora também. Contudo, antes de irem, antes de cada pensamento do dia ir embora, gostaria de compartilhá-los com você meu amor. Gostaria de deitar ao seu lado, e todos os dias te contar cada um dos meus pensamentos... dos mais simples e triviais, até os mais relevantes, como por exemplo hoje, que mais uma vez pensei, lembrei, entendi, que ao conhecer você houve uma mudança no curso da minha história... da mediocridade, para algo sublime, transbordando de amor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Meu amor por você...


Meu amor por você me lembra o dia de hoje, 
Assim, de primavera, ensolarado, 
Com verde iluminado, 
Com um vento fresco soprando no rosto. 
Meu amor por você me lembra água de côco 
Bem gelada no quiosque da praia. 
Me lembra criança dando risada.
Me lembra brigadeiro na panela para comer de colher. 
Me lembra cheiro de cobertura de bolo 
Feita com canela e açúcar. 
Me lembra pão caseiro saído do forno. 
Me lembra um bom livro de literatura medieval. 
Me lembra conversa com a melhor amiga de madrugada,
Me lembra a uva da mesa de Natal. 
Me lembra um bom show de MPB ou rock nacional.
Meu amor me lembra a exatidão do que é amável.
Me lembra tudo que é bom, perfeito e agradável.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Purê de Batatas


Há tempos eu não fazia coisas simples que adoro. A gente deixa algumas coisas nos absorver de um jeito e esquece de outras que nos compõe também. Acaba por inverter alguns valores, deixando para trás elementos em nome de grandes coisas que não são tão grandes assim. Hoje, lembrei que já fazia mais de sete meses que eu não fazia nada na cozinha... assim, para além de esquentar a minha janta no micro-ondas.   Aí resolvi fazer um purê de batatas... adorei. Ficou gostoso. E o que parece absolutamente secundário na vida, na verdade não é... fazer minha comida, cuidar do meu corpo, assistir filme, ler literatura, ligar e visitar as amigas, ir a igreja, orar e ler a Bíblia todos os dias... tudo isso é precioso... faz parte de valorizar a vida de verdade... e a motivação para tudo isso é o amor que a cada dia me arrebata mais.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Viver de amor


Dia bom... de dia meio nublado, a noite chuva, calor. Muito exercício físico, diálogos com pessoas estimadas, algumas leituras, filme, boa alimentação, banho longo, facebook, poema curtinho novo no blog e agora esses devaneios para terminar. A alma serena, o corpo cansado, pronto para ter uma noite melhor que a última, cheia de pesadelos e sonhos estranhos. Para amanhã tenho grandes planos... começo a colocar em prática meu projeto "estudo para o próximo concurso", e "melhorando meu inglês", fora o que já está rolando, o famoso "projeto verão"...preparando o corpo para o calor. Projetos que exigem disciplina... e nem tenho certeza se realmente os quero (principalmente a parte do estudo), ando meio devagar, porque nos últimos seis meses tive muita pressa, parafraseando Almir Sater... Mas vou confessar, aqui num lugarzinho discreto, que ninguém me vê (risos)... que eu queria mesmo é viver de amor. Ando morrendo de saudade, e acho que não passo uma única hora do meu dia sem pensar o quanto eu o amo, o quanto eu gostaria de estar com ele... fico até com medo de me tornar repetitiva... mas ele jura que não, e desconfio, que sofre do mesmo mal... ainda bem.

Num piscar de olhos


Num piscar de olhos,
Destes longos,
Com os dois olhos...
Eu derreti. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Resignificação

Encerrou-se um ciclo. Em todos os aspectos. E uma resignificação geral e profunda toma conta de mim. Sentimentos que eu não sabia que eu seria capaz de ter me invadem, elementos que eu não imaginava que poderiam me motivar, motivam profundamente, e o que antes tomava conta do meu coração, vai saindo à francesa para dar lugar ao novo, e ao que realmente importa a partir de agora. Como já dizia a música, não há palavras para explicar como é grande o amor que sinto... como é maravilhoso estar perto da pessoa que amo... como quero contar isso para o mundo... como desejo conservar isso com tudo o que há de melhor em mim. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ele


Queria que ele soubesse e ele sabe,
Queria que ele fizesse e ele fez,
Queria que ele gostasse e ele gosta,
Queria que ele falasse e ele disse,
Queria que ele fosse e ele é,
Queria que ele amasse e ele ama,
Queria que ele existisse e ele existe.

O seguir da vida...


Uma manhã em Brasília... há um clima de tensão, correria... véspera de Congresso Nacional da JPT... estranho, faz quase seis meses que esta é uma das pautas principais da minha vida, passei o ano inteiro de certa maneira, com este evento fazendo parte da minha vida. E agora, em uma semana vai passar. Aí tenho o teste físico do meu concurso da polícia civil (fato que também fez parte do meu imaginário por um bom tempo) no dia 16... e depois praticamente o ano acabou... e eu não vi passar... um ano bom, e fim de ciclo e início de outro... minha formatura foi este ano, o casamento da minha melhor amiga, comecei a trabalhar de verdade, terminei minha gestão de secretária estadual da JPT... minha avó se foi e com ela o fim de uma geração (ela era a última viva de 12 filhos)... neste ano também houve resignificações subjetivas... novas percepções do mundo, uma atitude menos arrogante com a vida, um aprendizado sobre como tem coisas que ainda não vivi, sobre como há sentimentos que eu ainda não senti... e que outras pessoas podem me ensinar. Uma sensação de que até o que parece ruim é bom e grandes lições vem... 
Contudo, creio que o mais importante de tudo o que me aconteceu foi encontrar o meu amor... e que parece que a minha vida inteira foi vivida para chegar a este momento... parece que todo o mais era preparo, ensaio, parece que todos os outros amores que tive foram para me ensinar a ser melhor para este que acontece agora... se tudo o que eu vivi na política tivesse sido para encontrá-lo, já teria valido a pena.
Portanto, o ano vai correndo para o seu fim, mas a vida vai correndo para o seu ápice... a morte nos visitou, mas a plenitude da vida também, através do presente que é o amor... 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tão doce e tão forte...


Queria escrever muito... mas não acho as palavras... queria declarar ao mundo o quanto me sinto amando e amada. Mas não dá para descrever... só pode entender quem já amou assim, quem já se sentiu amado assim. Há algo de divino nisso tudo, um elemento especial que muita gente passará a vida toda sem nunca experimentar. Amor é graça, eu simplesmente o amo, talvez eu o ame desde a primeira vez que o vi. Mas apesar de ser graça... ah, quantos méritos ele tem!!! Como é lindo poder deitar no teu abraço, dialogar o nosso infinito e delicioso diálogo, como é bom compartilhar de um presença cuja economia de amor não há nem na concretude, nem na abstração... como é maravilhosa a tua inteligência emocional... como podes ser tão doce e tão forte...? 

Quero

Carlos Drummond de Andrade

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Construindo um amor


Este é um momento muito peculiar da minha vida... é a primeira vez que lido com a morte de tão perto. E na prática, tem um monte de coisas que a gente achava que sabia e não sabia. O sentimento é que só sobra nesta hora o que realmente importa, vemos quais são nossos valores de verdade e a gente só quer por perto as pessoas que realmente importam. E isso foi interessante perceber também... estou no início de um relacionamento, tudo começando, a gente se conhecendo, e tudo parecendo cada vez melhor... e o melhor de tudo, perceber que nesta hora da dor, eu o queria por perto e ele esteve ali... acho que é assim que se constrói um amor... na alegria e na tristeza.

Eulalia

De repende a casa ficou vazia,
A rotina diferente,
As palavras poucas,
Sumiram os olhares verdes.
Ficaram as lembranças remotas,
E o que era força se fez fragilidade,
E tornou-se submissão
qualquer autoridade,
O que era dureza, virou bondade,
E o que incomodava,
Transformou-se em saudade.
Tornou-se fraco o que era forte,
E quem amava a vida numa manhã bonita,
Encontrou-se com a morte.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Dialética

A dialética existe na vida da gente de maneira muito evidente. Tudo no mundo funciona num giro de tese, antítese e síntese, chamada por grandes filósofos desde o mundo grego até hoje, de Dialética. A tese é o estado primeiro no qual algo se encontra. Aí vem a antítese, o elemento que incomoda o estado inicial (a tese). A contradição entre estas duas situações, o diálogo delas, o embate entre elas, gera uma terceira, a famosa síntese... tal dinâmica, permite que as coisas sejam mutáveis e estejam em movimento, saiam do lugar, se reinventem, permite que as zonas de conforto não durem, é o que gera evolução. Contudo, a vontade humana é ser uma síntese pronta, eterna, algo perfeito e acabado. 
Uma constante ilusão. Sempre que saímos de um processo difícil, pensamos, pronto, cresci, agora estou no meu estado pleno, não sofrerei mais, porque aprendi como se deve agir. Aí vem algo novo, uma antítese que não fomos capazes de prever, e a dinâmica da dialética se faz presente novamente em nossas vidas, nos obrigando a novamente construir síntese. Não tem fim. Mas dói. Crescer, aprender, evoluir, melhorar, tudo isso dói. Fisicamente, quando queremos melhorar nosso desempenho físico,  sentimos dor, dificuldades. Intelectualmente, quando queremos crescer e nos debruçamos no estudo, dói também. Nos relacionamentos então, nem se fala, no geral tese e antítese se materializam nos cônjuges, um é tese o outro é antítese, sobrevivem somente aqueles relacionamentos que conseguem criar síntese real, verdadeira, quando dois pontos tão diferentes misturam-se aparando as arestas de suas contradições, abrindo mão de suas vaidades e dando origem a algo novo. Tão difícil. Mas este é o mundo... um mundo duro, no qual qualquer evolução, construção de algo bom exige luta... "Neste mundo tereis aflições..."disse Jesus.
Contudo, tenho a esperança de que tudo isso seja apenas um treinamento, uma vida que está nos preparando para a vida de verdade, tenho a esperança de que haverá um lugar que essa ânsia constante pelo descanso, pela alegria plena será suprida... Creio em um momento no qual tudo será perfeito e acabado, viveremos em plenitude... chamo este momento e lugar de céu, e seu provedor de Deus... um mundo que "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram". Porém, a ponte  para acessar este lugar onde a dialética e o sofrimento não existirão mais e  suportar tudo o que o treinamento desta vida propõe e experimentar por aqui um pouquinho do que virá, chamo de Jesus Cristo. E por Ele e com Ele, seguimos em frente  e continuamos a luta guardando a esperança!!!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Liberdade e Ignorância


Sempre achei que sabia muito quanto a tudo que dissesse respeito as questões de relacionamentos e sentimentos... sempre me achei a pessoa mais entendida em tudo o que se relacionasse com a subjetividade, sempre dei conselhos longos e complexos as minhas amigas e a qualquer pessoa que me pedisse. E engraçado que no geral, sempre convenci, e muitas vezes, conselhos que dei foram realmente bem aproveitados por muitas pessoas. Isso fez com que eu me sentisse uma sumidade, e julgasse todo o resto da humanidade com um pouco menos de inteligência emocional que eu... na verdade muito menos, inclusive o blog é prova disso. No entanto, algo começou me incomodar, nos meus últimos relacionamentos senti buracos gritantes, achei estranho, como alguém tão preparado como eu poderia se equivocar tanto. Então, há uns meses atrás, ao conversar com um amigo, que leva um relacionamento desses bem sem noção, que jura estar com a namorada até hoje porque ela está em um momento difícil que ele tem obrigação de apoiar, mas no fundo não gosta dela, não a ama e queria mesmo terminar... ao ouvir isso, eu numa inspiração que talvez não fosse minha, disse a ele que o relacionamento da gente diz de nós mesmos... portanto, se temos uma relação cagada, é um reflexo do que somos... Uma fala forte...  mas que fez eco mim mesma... eu, praticamente uma PHD em subjetividade vinha de uma sequência de  relações ruins, pobres, pela metade... doeu!!! Então, depois de uma série de reflexões e angústias, descobri que sou ignorante no assunto... e como sou!!! E como é libertador perceber que não se sabe muito. Entender que é necessário crescer, se desfazer de preconceitos, e inaugurar novas reflexões, aprendizados... perceber os próprios vícios e as razões de tantas angústias. Voltemos a escola da vida, contudo hoje, sem a menor arrogância.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A vida é dura...


Assisti um filme semana passada cujo jargão era: " a vida é dura"... o filme é bom, brasileiro, com Selton Mello... chama-se "o Cheiro do Ralo"... e depois de muita gente indicá-lo para mim, lembrei dele quando estava na locadora e resolvi locar. O filme dá altas reflexões. Contudo, não é sobre o filme que quero escrever. É sobre esta frase : a vida é dura. Concordo, acho que de fato é. Tem dia que tudo parece difícil. Acordar parece difícil, trabalhar, se relacionar. Como cada coisa que fazemos na vida por inteiro é um gasto de energia imenso... tanto... e quanto mais refletimos sobre a vida, mais eleboração é necessária para as nossas ações. Encarar um relacionamento em bases diferentes do senso comum não é tarefa fácil... aceitar desafios como um diálogo sincero, um relacionameno sem jogo, sem manipulação, e com a lealdade como centro... isso tudo com o coração pulsando de paixão... é realmente desafiador. Acho que as melhores coisas construídas na vida são difíceis, são duras, exigem esforços grandes. Mas apesar do cansaço que dá, acho mesmo que este é o melhor caminho.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Inveja


O pior sentimento que existe é a inveja. E acho que todo mundo um dia sentiu ou sentirá inveja de alguém. O jardim do outro sempre parece mais verde que o nosso... e quase sempre é mesmo. E ficamos lá vendo tudo e sem ter a menor condição de copiar. Inveja na verdade é um sentimento que deveria ser bom mas foi distorcido... é um tipo de admiração inversa... tipo: "acho lindo o que você tem". Mas não podendo ter me contorço de inveja. Contudo este é um sentimento sem cura, mas com tratamento... a inveja realmente destrutiva e que as pessoas acabam pagando mico por causa dela, é a inveja inconsciente... e pessoa não se toca que está com inveja e vai lá e destila um veneno tão evidente de inveja que fica até engraçado. Esses dias me aconteceu algo assim... economizei meses para comprar um sapato de uma grife que adoro mas nunca foi pro meu bico. Um sapato simples de cor neutra, daqueles que você só não gosta se for muito extravagante, mas mesmo assim, ia querer ter no guarda-roupas para uma eventualidade... isso é, o sapato é uma unanimidade, básico e sofisticado. Então resolvi usá-lo, fui pro bar e lá encontrei uma pessoa que conheço há anos, que já tive altos e baixos  (mais baixos do que altos diga-se de passagem)... e conversa vai conversa vem, a menina olha pro meu pé e diz: "nossa, que sapato horroroso!!", pensei que fosse uma forma de dizer que ele era lindo, ironicamente... e brinquei também... mas aí ela insistiu, fez um tratado porque o sapato era feio e a minha roupa também (eu estava linda)... resumindo, ela sofre de uma inveja inconsciente, o pior tipo, o tipo que a gente não admite e sai queimando a cara e todo mundo percebe que a gente é invejoso... o melhor seria não ter inveja nunca... mas acho que ninguém vive isso. Eu tenho inveja consciente... inveja de gente que tem uma vida tranquila, que tem um amor presente que pode ver todo dia, dormir abraçado todo dia, assistir TV junto e comentar da vida dos personagens da novela.....quem pode ir para a academia todos os dias, ter uma alimentação saudável, ir na igreja todo domingo e poder planejar ter filhos. Morro de inveja disso... isso não significa que eu trocaria minha vida por uma vida dessa... mas quando olho, tenho inveja, quase morro, sorte que é consciente, aí não pago mico, guardo pra mim.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Elemento surpresa

Na política quando estamos disputando algo, temos que nos preparar sempre para o momento surpresa... há sempre um elemento que não constava em nossos cálculos que aparece e temos que lidar com ele de repente sem tempo para grandes elaborações... geralmente é nessa hora que vemos quem é bom mesmo... que atua e segura a onda diante das piores pressões. Toda eleição com alguma disputa tem isso. E sempre espero... me preparo pra esse momento, não baixo a guarda, sei que virá, sei que fugirá as minhas expectativas. O problema que na vida também é assim... volta e meia tem uns elementos surpresas que aparecem que não estava em nossos cálculos... que não sabíamos exatamente a nossa reação diante deles. Não gosto... 

Novela


Gosto de novela. Mas gosto tanto que sofro junto. Parece que o que acontece com as personagens acontece com gente próximo da gente. Hoje essa novela "A vida da gente" está me fazendo sofrer... a protagonista Ana, sua irmã Manuela e sua filha Julia sofreram um acidente horrível... ai que tensão!!! Detesto quando a novela começa entrar na trama mesmo sabe. No geral tenho pouco tempo pra assistir, mas me apego facinho, então, se assisto uma vez por semana e vou acompanhando pelas propagandas ou resumos na internet é o suficiente pra sofrer ou ser feliz junto com com os personagens. Sei que novela é um lance assim bem óbvio e alienado... tipo, que está longe de retratar a realidade mesmo e acaba sendo um instrumento ideológico para manter a ideologia dominante, reforçando valores dos quais muitas vezes lutamos contra. Mas a vida é quase sempre tão dura que me reservo de vez em quando um tempo para não pensar, sentar em frente a TV e vegetar, me envolver com algo que não existe e quando acaba posso esquecer.

A culpa


Feriado é bom. A gente descansa sem culpa. Aliás acho que a culpa é o grande mal da humanidade. Penso que muita coisa na vida das pessoas dá errado por causa da culpa. E para descansar de verdade é preciso estar livre dela. Já me aconteceu de tirar um dia de descanso tendo compromissos pendentes e sonhar com eles... e acabar não conseguindo descansar e também não resolvendo meus negócios pendentes.
E fazendo um paralelo meio louco, acho que se relacionar é assim também. Penso que enquanto não tomamos uma postura definitiva com relação a uma história do passado, não conseguimos viver em plenitude uma história no presente. Chega uma hora que as coisas vem a tona e acaba melando tudo. Sempre tive dificuldades de seguir em frente em se tratando de relacionamentos afetivos... consigo cultivar a paz há muito tempo em outras áreas... mas nessa estou aprendendo a dar os primeiros passos em relação a uma vida saudável, para ter um relacionamento saudável. 
Confesso que nunca quis encerrar verdadeiramente aquilo que fez parte um dia da minha história. Isso não significava nenhum tipo de traição a quem estava comigo... mas acho que um tipo de traição a mim mesma... de não me permitir deixar para trás aquilo que era necessário ficar no passado. 
Talvez por culpa... culpa de ter vivido algo bom e aquilo não existir mais na minha vida, culpa por estar feliz e outro que fez parte da minha história não estar, culpa por ter fracassado diante de uma tentativa de se relacionar, culpa por que estamos acostumados a tê-la!! Não quero mais isso na minha vida... quero viver em plenitude... quero a paz daqueles que se entregam por inteiro ainda que dê errado... quero a serenidade de ter objetivos absolutos, ainda que lá na frente eu tenha que os relativizar...  eu quero a liberdade de querer de todo meu coração uma única pessoa e que diante dela tudo (ou todas as outras pessoas) fique absolutamente menor. 
Não quero ter plano B, não quero ter muletas, nem válvulas de escape, não quero nada para amenizar a intensidade da vida. Não quero desconfiar que não vai dar certo. Sei que tudo pode acontecer, sei que relacionamentos são difíceis e sujeitos a chegar ao fim. Sei que a vida não é linear e que nossas idealizações românticas são sempre perigosas e podem nos fazer sofrer. Mas pior do que ver algo que investimos não dar certo e sofrer por isso é não viver, é estar anestesiado, é fazer tudo pela metade, é deixar as nossas culpas se instalarem, é permitir que a idéia de que o amor não é pra gente se instale. 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um clichê desejado...


Não tenho palavras, mas insisto em escrever... ainda que seja para dizer o clichê, o senso comum. Sinto-me como quem anda nas nuvens. Suspirando. Numa paz absoluta, num ânimo intenso e sereno. Sinto prazer no ar que eu respiro e rio sozinha acompanhada de minhas lembranças e sentimentos de uma noite daquelas que seríamos quase capazes de trocar a eternidade por ela, como hiperboliza o poeta Nando Reis. Acho que no fundo todo mundo deseja esse clichê sublime. Deseja esse lugar comum tão delicioso. Acho que no fundo todo mundo deseja se sentir cuidado e amado como me sinto e correspondo neste momento. 

sábado, 8 de outubro de 2011

Professor de Deus


Acho engraçado que nesta vida não falte gente se achando "professor de Deus". Tipo assim, gente que tem todas as receitas para transformar o mundo e ainda sobrar tempo pra tomar aquela cervejinha no final. Como se fosse tudo fácil de resolver. Pessoas que tem todas as fórmulas para fazer da humanidade um novo Jardim do Éden... Hoje acordei cansada das síndromes de perfeição e das receitas fáceis... amo a vida, mas não tenho grandes ilusões, não me deslumbro com os momentos bons e nem com bobagens que parecem coisas importantes, mas não são. Sei que as dificuldades virão, e que a imperfeição que incomoda é justamente a parte que nos faz humano. Gosto de gente que admite que erra, admite que não sabe, e que ri de si mesmo. A coisa mais pedante que existe é gente que pensa que é "professor de Deus".

Quase normal


Sábado em Maringá. Está muito calor, deve estar fazendo mais de trinta graus. Eu saí ontem com amigos para tomar cerveja no bar, voltei as três da manhã, acordei onze e meia, estou assistindo filmes pela metade na TV a cabo, depois de almoçar a comida da minha casa logo que acordei, comida que não fui eu que fiz. Ai ai, como isso é bom! Sinto-me quase normal fazendo coisas de gente normal num sábado de primavera. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sou Poema


Não me forçarei ser prosa,
Porque sei que sou poema,
Não tentarei ser grande,
Quando desejar ser pequena,
E não serei pequena,
Quando puder ser gigante,
E não direi  apenas com o olhar,
Enquanto puder desenvolver
As minhas teses falantes.
E nas relações propostas,
Farei apenas aquilo que compete a mim,
Sem compromissos com as formas,
Sem insanas economias do amor,
Ou fugas a um vazio distante,
Cultivando uma paz serena,
E seguindo adiante.

Esforços


Estranho ver no presente
As manifestações desejadas no passado...
E foram tantos os desejos que passaram,
E tantos os esforços para que não mais estivessem no presente.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Significados insignificantes


Os formatos surgiram no mundo para contemplar as essências. Explico: primeiro surgem as ações humanas, e a partir do momento que elas se repetem e são gerais em determinado grupo, passam a ser instituições sociais. Tipo assim, o casamento hoje é uma instituição, contudo o que vem antes dele é que pessoas que se amam decidem viver juntas. A maternidade é uma instituição social, mas antes disso veio a natureza que faz com que mulheres possam ser mães. A religião é uma instituição que surge devido as pessoas terem necessidades espirituais. Poderia dar muitos exemplos de instituições sociais, formatos que surgiram a partir de ações humanas que se repetiram e que tem as relações afetivas como essência. 
Ótimo, isso significa que todo formato criado, antes tem uma origem relacional, demasiada humana, cheia de afetividade, sentimentos, amor. O problema que volta e meia há inversão completa de valores neste mundo pós-moderno em que vivemos. Muita gente começa a dar mais importância as formas do que as essências. No geral cada vez mais as pessoas cumprem os rituais sem que seus corações estejam ganhos para o que estão fazendo. Mulheres que desejam se casar não por que realmente amam a pessoa que está em seu lado, mas porque desejam aquele ritual de vestir-se de noiva e mostrar a sociedade alguma capacidade. Casais que tem relacionamentos estragados mas continuam casados pela forma desta instituição social. Gente que vai a igreja toda semana e não coloca nada em prática do que é dito lá, pensando que o simples cumprimento de um ritual é sinônimo de fé. Ou ainda, pessoas que entram na política para realizar a transformação e na primeira proposta de "indecente" se entregam a corrupção justificando isso como um meio para bons fins. Acho triste, muito triste o abandono da essência pelas formas. Gente que no fim vai ver que só sobrou casca e conteúdo não há mais.
Vidas cheias de formas, rituais, instituições, rotinas e vazias de essência, carinho, intensidade, verdade não fazem sentido... é, o mundo anda mesmo assim cheio de vazios e significados insignificantes.

Pôr do Sol



O sol começa a se pôr,
E com ele vai um tanto de coisa,
Inclusive uns pedaços da gente.

Desejo - Victor Hugo



"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar "

Alma Cansada


Hoje minha alma anda bem cansada. Um desses dias bonitos, porém melancólicos. Tenho motivos para estar alegre e motivos para estar triste. Para variar a vida equilibra o que nos dá, nos tirando. É assim... e diante de algumas coisas não adianta se indignar.
Espero que amanhã eu tenha a sensação de acordar e realmente estar em um novo dia... o qual a misericórdia de Deus se renove... promovendo também a renovação das nossas forças para seguir em frente. Porque hoje tudo parece meio cinza, o meu sorriso está pálido, minhas motivações operando no mínimo. 
Mas por fim, apesar da alma exausta, fico com Vitor Hugo, crendo que é possível recomeçar amanhã... por que existe amor dentro de mim.

Amor Fino


"Ora vede: Definindo S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam, nec fructum: "O amor fino não busca causa nem fruto". Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: o amor fino não há de ter por quê nem para quê. Se amo por que me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo, como ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino."  

Antonio Vieira