quarta-feira, 22 de março de 2017

Sonhos e seus significados


A temática dos sonhos sempre me interessou. Quando criança, eu questionava qual realidade era a verdadeira, se quando eu estava acordada ou se quando eu dormia e sonhava. Meus pais são bastante atentos aos sonhos deles. E em minha formação cristã, os sonhos sempre tiveram um lugar de reverência, já que há inúmeros relatos dos sonhos como profecias na narrativa bíblica.

Jung, psicólogo suiço do século passado, ao longo de sua carreira, encontrou 4 tipos de significados para os sonhos:


"1) O sonho representa a reação inconsciente frente a uma situação consciente. Uma determinada situação consciente é seguida por uma reação do inconsciente na forma de um sonho, trazendo conteúdos que – de modo complementar ou compensatório – apontam claramente para uma impressão que se obteve durante o dia. É evidente que o sonho jamais teria se formado na ausência de determinada impressão obtida no dia anterior.


2) O sonho representa uma situação que é fruto de um conflito entre consciência e inconsciente. Nesse caso, não existe uma situação consciente que pode, em maior ou menor grau, ser responsabilizada pelo mesmo, e sim, lidamos aqui com certa espontaneidade do inconsciente. O inconsciente acrescenta a uma determinada situação consciente uma outra situação, a qual difere de tal modo da situação consciente que se forma um conflito entre ambas.

3) O sonho representa a tendência do inconsciente cujo objetivo é uma modificação da atitude consciente. Nesse caso, a posição oposta assumida pelo inconsciente é mais forte do que a posição consciente: o sonho representa um declive que se origina no inconsciente e vai em direção à consciência. Trata-se de sonhos especialmente significativos. Podem transformar alguém que assume uma determinada atitude por inteiro.


4) O sonho representa processos inconscientes que não evidenciam uma relação com a situação consciente. Sonhos dessa espécie são muito peculiares e, devido ao seu caráter estranho, não podem ser interpretados facilmente. O sonhador se admira tanto por sonhar algo assim, pois nem mesmo uma relação condicional pode ser estabelecida. Trata-se de um produto espontâneo do inconsciente que porta toda a atividade e é altamente significativo. São sonhos imponentes. Sonhos que os primitivos designam de 'sonhos grandes'. São de natureza oracular, 'somnia a deo missa' (sonhos enviados por Deus)."

Recentemente, passei a fazer um diário anotando os meus sonhos, e percebi que neles, havia padrões. Mesmo em noites diferentes, meus sonhos traziam mensagens similares em alguns determinados períodos, com os mesmos personagens, mudando somente a forma de apresentar as mesmas mensagens.

Com o tempo, ganhei a habilidade de lembrar dos sonhos que tenho todas as noites. Alguns mais relevantes, outros nem tanto. Mas nos últimos meses, raramente tive sonhos bons. Quase sempre, as metáforas trazidas durante a noite, representavam conflitos, conforme descreve Jung, no item 2. Passei meses sonhando com guerras, com brigas, com perdas, com mudanças forçadas e indesejadas.

Mas na última noite tive uma grata surpresa, sonhei que estava num lugar cercado por montanhas e que no caminho da trilha que eu seguia encontrei uma ponte, uma ponte longa, alta. Quando olhei para baixo, muito distante havia um rio. Então, alguém que não conheço estava do outro lado da ponte e me dizia "venha, atravesse", então eu olhei para frente, dei os primeiros passos na ponte, senti se a ponte estava firme, e apesar de balançar um pouco, era segura. E então atravessei a ponte e cheguei ao outro lado. E o sonho acabou.

Esse sonho me pareceu um exemplo do item 4 de Yung. Não que eu acredite que o mesmo seja necessariamente "oracular", mas sem dúvida foi um "sonho grande". Acordei com uma sensação de que o meu sonho metaforizou uma mudança significativa em minha vida. Uma marca da minha imensa vontade de seguir em frente e superar alguns medos, limitações, mágoas. Ao pesquisar sobre o significado de sonhar com pontes e suas travessias, li óbvias significações positivas.

Prestar a atenção em nossos sonhos, pode ser uma grande chave de entendimento sobre nós mesmos. O livro de Jung que usei neste texto se chama Seminário sobre Sonhos de Criança. É um livro grande, de cerca de 700 páginas, de leitura simples, e que ainda não li inteiro. Mas para aqueles que desejam se aprofundar nesta temática, recomendo.



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