Nos tempos de facebook e outras redes sociais, em que todos somos instituições midiáticas em nós mesmos, podemos observar pessoas das mais diversas personalidades e formações comentando inúmeros assuntos. No entanto, passamos a ser vastos como oceanos, mas profundos como pires.
Sempre que há um assunto do momento, seja um fato socialmente relevante ocorrido, um dia comemorativo, um crime que choca a sociedade, todo mundo desanda a fazer "postagem", colocando sua opinião. Ocorre que a maior parte das opiniões sobre as coisas estão contaminadas pelo senso comum. E este senso não é refletido, está misturado a crenças e preconceitos, um conhecimento não crítico, sujeito a incoerência e conservadorismo.
Um dia, conversava com um amigo sobre quantos assuntos seríamos capazes de conversar com alguma profundidade mínima. Ele, contou que de sua parte, não chegaria a dez, e eu forçando a barra, contei sete. Contudo, o problema do exercício opinativo construído a partir do senso comum não está em si mesmo, está no fato de que ele é um serviçal de algo muito mais poderoso, a ideologia.
Segundo Marilena Chauí, a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações e de normas e regras que indicam e prescrevem aos membros da sociedade como devem agir, o que devem valorizar, o que devem sentir e o que devem fazer, isso de acordo com interesses da classe dominante, ocultando opressões. Como concepção de mundo, a ideologia tem a função de atuar como cimento da estrutura social. Quando incorporada ao senso comum, ela atua para estabelecer o consenso, conferindo hegemonia a uma determinada classe.
A ideologia se caracteriza pela naturalização. Para que sejam consideradas naturais as situações que na verdade são produtos da ação humana historicamente construídos. Portanto, o senso comum é uma grande expressão deste processo. Mas então, de acordo com essa reflexão sobre senso comum que aqui escrevo, não poderíamos emitir opiniões a não ser que estas fossem frutos de erudição? Não é bem assim.
Oferecer opiniões é próprio do ser humano, que carrega diversas formas de conhecimento. Não é apenas o saber adquirido a partir do estudo e da escola formal que importam. Há saberes intuitivos importantíssimos. Há riqueza na cultura popular e nas diversas formas de expressão humana. Sejam elas expressas nas redes sociais, na mesa do bar ou na festa de família. É inerente a nossa capacidade de análise e valoração das coisas.
Mas o marxista italiano Gramsci nos oferece uma luz que pode resumir a questão. Diz que "o bom senso é o núcleo sadio do senso comum". É com bom senso que pais e mães aconselham filhos e filhas mesmo diante de situações que nunca viveram. É com bom senso que intuímos que algo está errado e usurpa nossa identidade, e não necessariamente isso se dá por um estudo profundo dos fatos.
Não precisamos ser eruditos em todos os assuntos, mas é preciso que vigiemos nossos corações para que não caiamos num discurso contaminado de preconceito e opressão. O bom senso é um instrumento balizador da vida. Um conjunto de valores que também adquirimos historicamente, mas não a partir do que se espera de nós numa sociedade opressora, mas a partir da vivência, das relações saudáveis que estabelecemos. Vivamos o bom senso.
Mas o marxista italiano Gramsci nos oferece uma luz que pode resumir a questão. Diz que "o bom senso é o núcleo sadio do senso comum". É com bom senso que pais e mães aconselham filhos e filhas mesmo diante de situações que nunca viveram. É com bom senso que intuímos que algo está errado e usurpa nossa identidade, e não necessariamente isso se dá por um estudo profundo dos fatos.
Não precisamos ser eruditos em todos os assuntos, mas é preciso que vigiemos nossos corações para que não caiamos num discurso contaminado de preconceito e opressão. O bom senso é um instrumento balizador da vida. Um conjunto de valores que também adquirimos historicamente, mas não a partir do que se espera de nós numa sociedade opressora, mas a partir da vivência, das relações saudáveis que estabelecemos. Vivamos o bom senso.
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