Na semana passada assisti uma série da Netflix chamada "Love". O seriado se passa em Los Angeles e é sobre duas pessoas, ela, Mickey, e ele, Gus. Ambos na casa dos 30 e poucos anos. Mickey é produtora de um programa de rádio sobre conselhos sentimentais e
terapêuticos apresentado por um idiota. Gus é professor de estrelas
mirins no set de uma série de TV imbecil chamada Wichita.
É uma comédia, mas os personagens são redondos e apesar dos estereótipos estarem presentes, isso não é explorado de maneira óbvia. Ela é uma garota linda, que experimentou diversos tipos de drogas, teve vários relacionamentos complicados, um histórico familiar bad; ele é um típico nerd, cuja autoestima foi forjada num gueto e sempre que tenta fazer amigos ou agradar alguém fora disso, se dá mal.
Para mim um dos aspectos mais interessantes dessa série é que ela dialoga sobre uma geração. E apesar de ser uma comédia, retrata muito bem um certo vazio que uma parcela importante dessa turma tem vivido. Pessoas de classe média, mas que volta e meia tem dificuldades de pagar seus aluguéis, passaram pela universidade, tem um emprego que não sabem direito se gostam ou não, tiveram diversos relacionamentos, e não se encaixaram no esquema tradiconal casamento-filhos.
E além disso, algo que ficou bem evidente , principalmente na personagem da Mickey é que ela carrega um certo conformismo e uma certa deseperança com a vida. Tipo... olha para si mesma parecendo não ter ilusões. Sabendo que sua vida é aquilo mesmo, e suas falhas de caráter são evidentes e muito difíceis de mudar.
Apesar do nome, a série é e não é sobre o amor. Claro que tem o romance deles como pano de fundo. Mas as crises individuais de identidade das personagens, e seus reflexos no relacionamento são o grande X da questão. Ou melhor, acho que trata do amor de uma maneira muito complexa e diferente das ilusões românticas de gerações que nos antecederam. Por não terem ilusões quanto a si mesmos, por carregarem um certo grau de desconfiança a respeito de aspectos felizes da vida, também desconfiam do amor e as vezes até o sabotam.
Gosto de séries, filmes e livros que marcam um perfil geracional. Nos ajuda a entender um conjunto de questões e nos avisa que não estamos sozinhos em determinadas angústias. Recomendo muito a série "LOVE". É leve, inteligente e engraçada!
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