quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lembrei do House



Toda quarta-feira é dia de fechamento de pira errada. Vou à terapia e volto com uma sensação de "porque não pensei nisso antes?". Faz trocentos mil anos que faço psicanálise, e acho que nunca vou ter alta. Porque sempre descubro absurdos sobre mim mesma a cada sessão. Isso pode parecer um tremendo não incentivo para quem pensa em fazer e nutri algum preconceito. Mas é bom, garanto. Perceber que me perco de mim a cada segundo e que preciso cuidar disso... me vigiar sempre, faz a gente melhor, mais autêntico, e reduz os riscos de a gente se perder. Uma das pautas de hoje foi o sentimento de onipotência que nutrimos constantemente... ignorando as nossas limitações e embarcando em histórias com a sensação que somos capazes de dar conta de qualquer coisa. Pura ignorância. Não ter um mínimo de egoísmo quanto ao que se quer da vida não é bondade, é falta de identidade, ego flácido. Em matéria de relacionamentos sempre fui mestre em fazer isso sem perceber. Encarei gente de todo tipo... transtorno bipolar, ausência de subjetividade, dependência materna patológica, indisponibilidade para se relacionar, projeções desleais, falta de ternura e serenidade, ciúmes invasivos (o que é uma redundância, pois não há ciúme que não invada), viuves não superada, pacotinho cheio de filhos e até burrice... o caos!!! E eu sempre acreditando que ia dar conta. Sempre pensando que eu seria capaz de suportar qualquer problema em nome do amor e aos poucos cresceríamos juntos rumo a uma vida feliz... cretinice. Loucura pura. Claro que a psicanálise vai pra um extremo meio triste... afirma que amor é nada mais nada menos do que acomodação... duas pessoas que são o que são, se aceitam e dividem a vida. Tentar ajudar o outro a resolver seus problemas de essência (que estão lá antes de você chegar) não é amor, é enfermagem, medicina, advocacia, psicologia sem remuneração... e pior... é se enganar. A recomendação é que se você quer que o outro seja alguém diferente... troque de parceiro, ou mude você suas expectativas... ninguém muda porque você quer. Reflexão brava essa... mas boa!!! Lembrei do House: "as pessoas não mudam".

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