terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Eu!

Totalidade circunscrita, 
Interesses sistemáticos, 
Conhecidas e infindáveis perguntas! 
Eu! 
Onde estavam em mim as lacunas que proporcionaram conexões tão viscerais? 
Analisar o outro era sempre uma tentação sem pudores. 
Analisar a si mesmo um caminho amedrontador. 
Objeto, sujeito, arquétipo! 
Freud, Adler, Jung! 
Libido, poder, introversões e extroversões. 
Amor, ego, construções histórico-sociais. 
Os efeitos provenientes de si próprio, 
As histórias repetidas ciclicamente durante toda a vida, 
Guardando sempre inéditos requintes de deslumbramentos. 
Efeitos incontroláveis de fundo psíquico. 
Indagações aparentemente casuais. 
Contínua atuação recíproca sobre o outro em molduras acanhadas, 
Generalizações sempre precipitadas a um aspecto único. 
Tudo e nada. 
Ocasião de assumirem identidades individuais. 
Teorias sempre e indevidamente atualizadas. 
Agrupamento gradual de fragmentos. 
O tempo, o tempo, o tempo. 
De cujo evoluir não é possível escapar, 
De cujas palavras se pode engasgar. 
Participações místicas, 
Monstros de cabeças infinitas capazes de reduzir o pensar. 
Em não se tratar de objeções justas ou injustas, 
As portas da fantasia, 
Com capacidade relativa de sublimação, 
Evocava-se então a função reguladora dos contrários. 
Pois a saber que a plenitude da vida tinha normas e não as tinha, 
Sendo racional e irracional. 
Pensava, puxava os fios condutores, 
Escrevia e temia perder o controle. 

Ilustração de Tanya Shatseva (disponível no Instagram)

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