Os presságios anunciavam a intensidade da energia movida no Universo. Tudo estava ligado por linhas relativamente invisíveis, mas nítidas como a própria dor de existir. E fosse como fosse, não podiam resistir as verdades apresentadas. As almas transbordavam suas virtudes e vícios, seus padrões e suas necessidades de transformação. Do lado de cá, uma força se restabelecia, constituindo a sanidade de mãos dadas com a loucura... a explosão como cura, na qual toda a experiência outrora vivida servia como referência para a reinvenção. Do lado de lá, caminhos sombrios, a tristeza, a emoção a flor da pele tomava o lugar das simulações padronizadas, dos autoenganos cristalizados que dissimulavam a dor. Ambos viviam o desfecho de uma vida bem ou mal, mas intensamente, vivida. Tudo fora posto na mesa, os elementos de morte, cura, culpa e vida. Era possível duvidar de resoluções fáceis, redignificar a própria história seria tarefa difícil. Construída passo a passo, que incluía cortar na própria carne, colocar limites na pulsão de estar diante do outro, dos olhos bem quistos, dos afetos pulsantes que ignoravam qualquer verdade além do amor a ser vivido, do outro a ser acolhido. Mas a grande lição é que o amor resiste a verdade. E que ele não é óbvio e permeia todas as dimensões do ser. Se constitui na complexidade das ações. Na desconstrução do maniqueísmo, no olhar mais atento, na interpretação profunda da vida. "Interprete a vida!". Interpretar a si mesmo nos passos dados, nas pulsões sem explicação. Ninguém volta ao mesmo lugar depois de expandir, ou ao menos não deveria, volta e meia encolhemos o pensamento e voltamos a rudimentariedade outrora vivenciada. Mas as experiências estão lá, prontas para serem acessadas, para dar suporte a um novo ciclo de expansão. Relação. O enxergar ao outro é ver a si mesmo! E quantas vezes nos cegamos. Mas naqueles dias a vida cobrou bruscamente as vendas nos olhos que optamos por usar. Transbordou! Avassalou tudo! Sacudiu o mundo. Tudo estava devidamente registrado. Havia uma proximidade na distância estabelecida, um entrelaçamento cristalino, nunca tinham sido tão próximos...
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