sexta-feira, 12 de maio de 2017

Arena de conflitos éticos



Deslocamentos semânticos marcavam uma discussão intrincada pelas mais variadas vozes. Ao examinar tais deslocamentos, percebia-se a judicialização das relações sociais. Variando a esfera óbvia propriamente dita.

Mas era claro que os sentidos nunca se esgotavam numa única interpretação... eram séries de pensamentos latentes inteiramente diferentes... elementos considerados isoladamente... retratos de cansaço também.

O que nascia da seara estritamente privada... ódios e paixões, dissolviam-se agora na cultura cívica, na medida em que se propunha a substituir os velhos ideais. Uma estranha lealdade fazia-se depositária do ideal justo... contraposição ineficaz ao injusto.

Havia uma pluralidade de acontecimentos traumáticos e alguns caminhos laterais que contornavam tudo. Estranho velho mundo.

Formavam-se então elementos híbridos localizados no limbo das iniciativas bélicas, estatutos de dependência social, nos quais os exemplos vigentes e concretos teimavam em contestar  as argumentações. Recheadas de limitações.

Revelavam-se de forma incompleta os sentidos, mas revestidos de uma incompletude essencial. Novas estranhas associações ao material oferecido originalmente. Caráter de inacabamento essencial da interpretação. Vulgarização da delação...

O encapsulamento da violência mexia veementemente com a lógica das dinâmicas das relações de poder, que ironicamente tinha uma pretensão de neutralidade, tentando apagar a dinâmica política que constituía tal realidade.

Não havia começo nem fim absolutos. Emaranhados de pensamento... simbolismos inerentes. Atestados pela oposição feita, pois eram metades de um objeto partido... que talvez acabassem sem sentido.

Seres inocentemente comprometidos empenhavam-se na formulação de demandas, na tentativa quase estéril de empoderar as vozes dos pequeninos que participavam do jogo mortal. Vistos como parte de um signo convencional. Apontados como sua característica fundamental... traduziam-se em fragmentos insanos de atributo essencial, mediadores entre a subjetividade e o real.

Esforçavam-se para empreender distinções entre os diversos significados... evidenciando a complexidade que reveste as relações... dissimetrias de poder relativas... idiossincrasias que marcavam os contextos contemporâneos. Meros sinais temporais de um acontecimento? Os códigos eram absolutamente privados... uma articulação entre o sinal e o sinalizado. Mas em precariedade de situação.

No entanto, o embate era certo e a derrota provável, pois as iniciativas se interseccionavam com outras dimensões recortadas, formando assim, um intrincado paradoxo. Definições correntes versus concepções inegavelmente progressistas. Implicadas em tramas assimétricas. O pensamento intrometido disfarçou-se em características básicas quanto a constância das relações.

Mas no pano de fundo, em curso estava a aquiescência e os compromissos mútuos. As vezes as traições eram postas através de garantias de sentido estrito e até formal, outras vezes apenas formulações tácitas. Quadro paradoxal, resultado de uma espécie de truncamento. Universalidades e particularidades se articulavam e se atritavam, negando pressupostos que orientavam a melhor ação, na imensa arena de conflitos éticos.

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