Como sempre... não consigo esconder meu estado de espírito. Sou assim, não quero e não posso ser diferente. Quando algo habita em mim, logo se expande e se mostra... claro, que é preciso um pouco de sutileza e auto-preservação... geralmente quando preciso ser mais sutil do que gostaria, escrevo poemas, que na verdade são todos auto-biográficos, mas por ser poesia, permitem várias interpretações diferentes, então me sobra uma margem para negar algo que eu visualize necessário. Porém, o fato é que as minhas emoções, sentimentos, bons e ruins, sempre aparecem... porque como tudo em mim é muito intenso, não cabe dentro, tem que sair!!!
E confesso que preferiria hoje escrever um poema... mas os poemas tem vontades próprias, vem à mim quando querem, e não pela minha vontade, quando forço, deixam de ter valor artístico, por isso é melhor deixar que eles aconteçam e não forçar. Por isso, na lamentável ausência deles, vamos as teses no formato de crônica, como tantas vezes tenho feito.
O fato é que estou incomodada. Sentindo-me estranha, uma felicidade combinada com indignação... uma sensação de que há duas de mim, e que estão em guerra. A psicanálise diz que quando desejamos muito algo, e não temos a certeza que aquilo se realizará, geralmente o inconsciente vai lá e nos sabota... e porquê? Por que assim, vamos há um exemplo: Digamos que há muito tempo, fulano de tal desejava uma camisa nova branca, seu sonho momentâneo era esse... aí o fulano, guardou dinheiro por meses até que pode comprar sua camisa que tanto desejava... até que depois de comprar e finalmente ter a oportunidade perfeita de usá-la, eis que na primeira ocasião, o fulano derruba mostarda em seu objeto de desejo e mancha a camisa e nunca mais sai.
Isso significa, que o inconsciente, de certa forma, o estava protegendo... porque aquele desejo extremo por uma camisa estava desequilibrando a rotina do fulano, então, o inconsciente que sempre joga contra a gente, ao invés de criar recurso interno pra fazer o fulano se adaptar a nova realidade, foi lá e eliminou o problema, e fez com que ele manchasse a camisa, destruindo a possibilidade de realização do desejo.
O que isso ter a ver comigo? Tudo... me sinto assim, desejando muito... eu que me considero uma mulher rara, que combina como ninguém inteligência, beleza, charme, carisma, presença entre tantas outras coisas (e humildade também, como vocês podem perceber)... me sinto uma adolescente, uma menina insegura, com medo de meu desejo dar errado ou dar certo... com medo de eu acabar sabotando inconscientemente uma coisa que promete ser boa.
É tudo sempre muito delicado nesse jogo dos relacionamentos, o fato é que não é simples perceber a linha tênue daquilo que podemos expor ou não... as vezes parece que ganha aquele que se mostrar menos, aquele que parece que gosta menos... e na boa, tenho certeza que se isso realmente for um jogo, vou perder, porque exposição, como disse antes, é inerente a mim, me compõe... então certeza que vou me ferrar. Por que vou mostrar sempre mais do que manda o figurino, vou declarar sempre aquilo que sinto, vou me entregar sempre mais do que deveria, vou acreditar mais do que todo mundo acredita.
Qual é a vantagem? A vantagem que posso ter a sorte de alguém que me interesse notar isso como uma qualidade... na verdade, egocêntrica que sou, alguém só me manterá interessada, se essa característica lhe for interessante, se gostar desse meu jeito sincero como não se pode ser... desses meus erros assim tão vulgares.
É fato que posso até me mostrar mais do que devo, gostar primeiro, mas não suporto falta de reciprocidade, me apaixono pelo outro, mas tenho uma sensibilidade aguçada e bem treinada pra saber onde piso... me apaixono pelas qualidades do outro, mas apaixono também pela capacidade alheia de demonstrar afeto. Não curto gente traumatizada no básico... com incapacidade muito básica do ponto de vista subjetivo, gosto e procuro me relacionar com gente que tenha o mínimo de capacidade de troca e que não tenha uma intenção de transformar relacionamento em mercado de consumo... parece que hoje meu desejo andou acertando, mas confesso que estou com um medo imenso e citando Chico Buarque, tenho a sensação de "estar doente de uma folia"... mas escrevo, verbalizo, para justamente driblar meu inconsciente e não me sabotar (se é que não acabei de fazer isso neste post), e claro, pra colocar pra fora aquilo que não cabe mais em mim...
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