domingo, 26 de junho de 2011

Propriedade

Ai que frio... ontem estava calor, um tempo bom... de dia Sol quente, a noite aquele friozinho agradável pra dormir... mas eis que hoje quando acordo, o dia não estava sorrindo. Ao contrário, o dia estava chorando...cinza e chuvoso, estava triste. E neste momento o frio impera... mal tenho ânimo pra escrever, porque pra isso minhas mãos tem que ficar pra fora da coberta. 
Mas mesmo com este frio, mesmo com todo o volume de coisas que fiz no feriado (que não foi sinônimo de descanso), mesmo com um dia no qual o clima não sorriu... tenho motivos para rir.
Sou intensa, quando estou triste, quem costuma acompanhar o blog, vê que coloco um monte de posts negativos... poemas depressivos (tem parente e amigo que me liga pra consolar - o que quero registrar que é uma perda de tempo, porque a escrita no blog é um momento e não necessariamente e quase nunca um estado de espírito permanente - isso é, não se preocupe, um post negativo, não significa que vou me matar)... contudo, já que costumo expressar e explorar tanto o tema tristeza, nesta fase, quero explorar o tema alegria.
Quero dizer que gosto muito da vida... sei que parece ser esta uma constatação óbvia, porém gosto da vida de uma forma muito especial... sou grata pela vida...tenho a compreensão que cada respirar é milagre, cada sorriso então, uma dádiva...e por isso... cada vez mais cultivo a difícil filosofia de vida de que nada é meu. Todos os dias tento avançar neste sentido, para que o desprendimento tome conta de mim. Isso não significa não dar valor ao que está em minha posse, ou as relações das quais faço parte com outras pessoas... justamente ao contrário. Entender, que na vida nada é meu, porque a qualquer momento me pode ser retirado, significa valorizar muito, mas sem perder a dimensão de honra e dádiva...    saber que não tenho a propriedade de ninguém, me faz sempre cultivar as relações em sua intensidade e sem julgamento e lembrar que é uma honra habitar a alma do outro, alma esta que nunca será minha, porque não deve ser.
Estamos condicionados a entender tudo como propriedade, porque esta é a nossa formação, nascemos muito depois dessa invenção maldita... e a trouxemos para uma dimensão muito maior do que apenas a econômica, o sentimento de propriedade, no geral, atinge todas as nossas relações, com as coisas e com as pessoas... e penso que para irmos construindo um mundo diferente, é necessário a desconstrução deste conceito de propriedade na nossa subjetividade (lembrando que isso não é uma defesa extrema de relacionamentos abertos ou nenhum outro tipo de pós-modernidade, que na minha opinião apenas coisifica ainda mais as relações humanas).
Contudo, cultivar isso, essa filosofia de que nada e nem ninguém é meu, me traz uma sensação positiva, de não acomodação, um desconforto importante, cheio de intensidade, isso de forma tamanha,  que toma conta de mim... e me faz melhor!

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