Qualquer um que acompanha o Blog, ou me conhece pessoalmente, sabe que gosto de escrever... amo... e não escrevo pra agradar as pessoas, mas por que este ato compõe minha identidade...assim como outras coisas, como a política, minha família, minha casa, minha fé, meus amigos e por aí vai...
Na escrita gosto de tratar fundamentalmente de temas intimistas...que dissertem sobre a subjetividade, as coisas da alma... e nesse meio tempo, acabo criando muitas teses, falo muitas coisas, com um tom, que para muitos parece uma convicção, porém, nem sempre é. Discuto aqui, neste espaço meu... idéias, muitas vezes, descomprometidas com o futuro ou com o passado... falo do presente, volta e meia de um presente muito efêmero, outras vezes de um presente um pouco mais duradouro. Podendo ser tanto um desabafo, que ao terminar de escrever passa, como também algo que está sendo amadurecido em mim, durando mais tempo que apenas uma sensação fugaz.
Hoje, neste início de madrugada, quero falar de algo que gosto... Serenidade. Cada dia mais percebo como este é um elemento fundamental para vida... porém difícil de conquistar. Todos os dias, procuro buscar serenidade, porque, apesar de não parecer, gosto de estar em Paz... não uma paz que tenha um sentido de vida pacata, mas uma paz de espírito, que mesmo que eu não tenha um minuto pra respirar no dia... posso tê-la. Mesmo tendo mil e uma tarefas, estou fazendo o que amo fazer, o que considero ser o mais correto... Mas para sentir paz, é preciso cultivar serenidade... e para ter serenidade...penso que devemos entender o nosso tamanho em meio este Universo imensurável... compreender que aquilo que não nos cabe resolver...realmente não devemos tentar resolver, é preciso descansar... na sabedoria popular isso pode ser traduzido como "o que não tem remédio, remediado está"...
As pessoas sofrem de ansiedade, que considero ser o contrário de serenidade, não porque tem a auto-estima baixa, ou se sentem pequenas demais, mas ao contrário, sofrem porque se consideram maiores do que são... pensam que podem resolver sozinhas o que não podem... aquilo que não nos cabe, apenas não nos cabe... claro que não estou defendendo uma postura de comodismo (até porque, está aí, uma característica que não me compõe em aspecto algum, nem na vida profissional e nem na afetiva), acho que devemos fazer sempre o máximo que pudermos... contudo, precisamos aceitar nossos limites, entender que a vida não é linear e descansar...
E aí, só pra dar sentido a introdução que eu havia feito, sobre escrever, e parecer convicta, mas na verdade não ser... falo de serenidade não porque me considero serena, tendo chegado em algum lugar relevante neste sentido e me sentindo apta a ensinar alguém...mas porque talvez seja exatamente pra mim que escrevo... preciso buscar exatamente essa serenidade que defendo... ando por aí ansiosa, querendo fazer mais do que posso, querendo garantir o que não sou eu que garanto... e esquecendo que cada dia da vida é dádiva...
E pra finalizar, quero citar o melhor texto que existe sobre o tema, que ao lê-lo ou ouví-lo, a primeira palavra que me vem é justamente "serenidade", mas que tenho que avançar muito para alcançar, é a música "Tocando em Frente" de Almir Sater, aí vai:
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz