No início da minha adolescência, há mais de uma década atrás, Maringá, a cidade em que moro, era um município culturalmente efervescente. Lembro-me da quantidade de shows, peças de teatros, concertos e exposições as quais eu costumava frequentar.
Contudo, pouco tempo depois, percebi um certo esfriamento na cidade. Os poucos produtores culturais que haviam por aqui foram desanimando, os melhores artistas plásticos passaram a fazer suas exposições em outras cidades maiores, muita gente que contribuía com este aquecimento cultural se mudou e de repente já não havia mais nada. Nem shows, nem peças, nem exposições... as vezes rolava um ou outro concerto ou apresentação de ballet clássico.
E não por acaso, neste mesmo período de escassez cultural, cheguei a saber de alguns projetos de lei propostos por vereadores de bancadas religiosas que tratavam sobre toques de recolher a meia noite, mas que não chegaram a passar, mas que foram aplaudidos por muitos setores da cidade.
Então, o tempo passou, tivemos um longo e tenebroso inverno... a ponto de até as tradicionais festas de carnaval dos clubes serem canceladas por vários anos consecutivos. Neste tempo, Maringá continuou sendo uma bela cidade em termos de paisagem e organização, principalmente em sua área mais central. Eu diria que por um bom período, nossa cidade nos deu a impressão de ser do tipo linda, mas vazia de conteúdo. Assim, do jeitinho que a classe média cristã tradicional gosta... "tudo lindo, tudo em ordem... e sem muitos espaços públicos de uso coletivo para não ficar criando problema."
Por sorte ou benção de Deus, nesta pior fase da cidade, foi o período em que eu estava na Universidade, que sem dúvida alguma, era e é um grande pólo de resistência à mediocridade cultural do município.
No entanto, Maringá cresceu, e passou a atrair mais investimentos e mais gente de fora, pessoas que trouxeram consigo outras visões de mundo. As universidades também cresceram, a UEM incorporou cursos na área de arte em seu rol, novos grupos surgiram e até pastores e padres mais progressistas tornaram-se cidadãos maringaenses, e aos poucos vamos percebendo que a cidade volta a ter timidamente uma vida cultural, com uma iniciativa aqui e ali. Desejo muito que deixemos definitivamente de ser um grande sítio iluminado, a casa grande da senzala, e passemos finalmente a ser uma cidade pólo cultural. Esperanças para 2015.
Concordo plenamente! !
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