segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sobre política e paixão...


"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Fernando Pessoa



Sempre escrevo sobre a política. Nunca me canso de dizer que esta sempre foi, e provavelmente sempre será, a maior paixão da minha vida. E quanto mais converso com as pessoas deste meio, encontro outros apaixonados também. De diversos partidos diferentes, ou os sem partido, que se dedicam à política na área acadêmica, estudam política, respiram política. 
Mas o fato é que não há outra forma de se fazer política, sem que seja com paixão. Porque paixão "é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento desconte...", e é exatamente assim que a coisa funciona. Nem tudo é delícia, mas as dificuldades se tornam desafios quando somos apaixonados.
Hoje, numa discussão calorosa com velhos e bons amigos comunistas, que me conhecem há quase uma década e meia, perguntaram-me sobre o PT e os porquês da minha militância. Respondi, defendi o partido, o projeto nacional que vem sendo construído, as mudanças no Brasil. Contudo, ao continuarem o confronto, com bons argumentos, no fim, encerrei a questão com uma só resposta, a mais verdadeira das respostas que eu poderia oferecer... "é paixão". 
Na verdade, a política faz parte da minha identidade, do meu DNA, e é a tradução, a metáfora de mim mesma. Representa um processo evolutivo constante, um diálogo entre o velho e o novo, uma efervescência infinita, das idéias, da prática, do pensamento e da ação. É racionalidade e sentimento, objetividade e subjetividade entrelaçadas... tudo junto, num mesmo ambiente, um Universo inteiro. Pura relação.
Sempre brinco, quando vejo alguém na política com medo de colocar a mão na massa, de fazer acontecer de verdade, de dar a cara pra bater, de sujar os pés de barro no bairro mais simples... digo que deveria procurar outra coisa pra fazer, um tanque de roupa pra lavar, uma data pra carpir, uma petição pra assinar. Menos estar ali, porque não se pode fazer política pela metade... da mesma forma que não se pode amar pela metade.
Pois, como tudo na vida que é verdadeiro, exige entrega. É preciso mergulhar, tocar nela e deixar-se tocar por ela por inteiro. Só é possível fazê-la, transformar a vida através dela, transformando-se por ela, entregando-se de corpo, alma, entendimento e coração. 
E ao mesmo tempo que a política é doce e bela, é também guerra... contudo, este é o único campo de batalha em que se pode matar ou morrer infinitas vezes. As vezes, todos os dias. 

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