domingo, 7 de julho de 2013

Um inteiro


Conviver com as pessoas é algo importante, é parte integrante e fundamental da vida. É a partir das relações que ampliamos nossa visão de mundo, que crescemos, que percebemos coisas para além das restrições de nosso próprio mundo-umbigo. É a partir da convivência com irmãos na infância, por exemplo, que percebemos lições fundamentais para a vida, como ter que dividir, compartilhar aquilo que é nosso, ser solidário com o outro, é nessa convivência que também aprendemos a competir, a equilibrar atenções, entre tantas outras coisa. 
Contudo, há quem exagere nas relações e não perceba a importância de estar só. Estar consigo mesmo é descanso, é digestão, saúde. Tem gente que nunca pára, que não consegue estar acompanhado de si mesmo, que nunca sentiu prazer na própria companhia, que nunca mergulhou em seus próprios pensamentos e reflexões, há quem espere sempre do outro alguma coisa. Gente que pensa que não há nada pior que a solidão.
Mas a verdade é que há beleza em estar só, e uma importância nisso. É necessário momentos de solidão para que possamos crescer também. Vivemos tempos em que estamos cercados de pessoas o tempo todo... seja de maneira presencial ou virtual. Solidão saudável inclui também a valorização do silêncio. Neste mundo hiperativo, somos invadidos por milhares de estímulos diariamente, os diálogos são muitos, mas rasos, superficiais, repetitivos. Pessoas não param de falar banalidades, lugares-comuns, cada vez um assunto do momento... semana passada protestos, hoje a derrota de Anderson Silva. Sempre posições maniqueístas e simplistas. O que faz parte do cotidiano, mas há exageros. 
Por isso, as vezes é preciso silenciar, calar, ler, respirar fundo, refletir, meditar... elaborar sobre a semana, escrever. Sentar no meio fio de nossos próprios pensamentos, como canta Zélia Duncan em sua música "O lado bom da solidão". Quem não encontra prazer na própria companhia, tampouco encontrará prazer genuíno na companhia alheia, convive para matar carência, para se completar. Desconhece que para ser dois, antes é preciso ser um inteiro. 

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