sábado, 1 de dezembro de 2012

Popularidade


Esses dias no facebook vi uma frase engraçada que me remeteu a certas reflexões. A frase dizia que ser popular no facebook é igual ser milionário no jogo banco imobiliário. Isto é, uma mentira. Aí fiquei pensando em como o mundo é mesmo cheio de artificialidades. 
Nunca fui milionária no banco imobiliário porque na infância eu jogava esse jogo com a minha irmã, que sempre ganhava de mim, e ela sim, ficava rica e eu acabava tendo que hipotecar minhas propriedades. 
Mas no facebook, realmente tenho mais de três mil contatos... e se fosse por isso, eu realmente poderia me considerar uma pessoa muito popular. Mas o fato é que não sou. Na realidade, em matéria de popularidade, sempre fiquei da média para baixo. Eu me lembro de ter tido dificuldades de adaptação nos primeiros anos da escola. Dialogava bem com professores, mas com os colegas, tinha só um amigo ou outro, mas nunca fui o centro das atenções. Nunca tive habilidades esplendidas. Comecei a conhecer mais gente, quando aos quatorze anos entrei para a política estudantil. No grêmio eu até era respeitada, mas nunca popular, porque na realidade, não havia muita gente que se interessava pela política estudantil. Na faculdade a mesma coisa. Tinha a minha galera, mas nunca fui de estar no centro das questões que todos realmente se interessavam (tipo atlética, jogos jurídicos). E a verdade é que minha personalidade nunca me permitiu vocação para isso. A política, minha paixão até hoje, não é bem um tema que garanta unanimidade. Nunca fui a feia da turma, mas também jamais fui ou sou a mais bonita... uma imagem o suficiente tragável para garantir a convivência e o respeito e não ser motivo de notoriedade, nem positiva, nem negativa.
Mas, feita essa narração da minha vida e meios sociais... fico pensando, se esse lance de ser o centro das atenções é real para alguém. Acho até que há momentos que estamos em alta, mas acho que em síntese, nunca alguém se sente realmente acompanhado, amado, querido por muitos e por muito tempo. No fundo acho que popularidade, riqueza, notoriedade ou qualquer destas coisas que dêem a impressão de que há seres humanos diferenciados é algo falso. E em qualquer ambiente da vida, não só no banco imobiliário ou no facebook. 
E não é de verdade pelo simples fato de isso tudo não ser importante. Explico. Não é importante porque tudo o que envolve multidões de afetos e admirações, não diz respeito ao que somos de verdade, mas a idealizações, a imagens que colam na gente e não são verdadeiras. O que importa mesmo são as relações próximas, o amor de verdade, o lugar de paz e aconchego nos braços de quem se ama... o amigo querido que se preocupa realmente com o que acontece nas nossas vidas... o pai que liga pra ver se você está comendo direito, aquela pessoa querida que faz uma prece por você. O resto nunca existiu e não existe de verdade.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Compreender


Compreender as pessoas não é fácil. Principalmente quando as atitudes delas nos envolvem. Sempre fiz uma leitura que manifestações "desafetuosas", cheias de críticas, nada mais são do que sentimentos que em algum momento da história foram positivos.  Carregamos estas questões ao longo da vida. Odiamos quem outrora amamos, temos raiva de quem um dia fomos apaixonados, falamos mal de pessoas que já tiveram a nossa mais profunda admiração. Nossos sentimentos negativos são resultados de expectativas quebradas. E a forma mais simples de superar um amor (seja de qual natureza for) não correspondido é desconstruir, descredibilizar o objeto amado. E dificilmente esse ciclo pode ser quebrado, por mais esforço que haja. O jeito é ter paciência, esperar que o tempo cure as dores, as raivas, os ódios e vá dando lugar para sentimentos leves que não causem mais danos, tanto para aqueles que um dia foram amados e não corresponderam da maneira que aquele que amava desejou... como também para aqueles que mais sofreram, amando e não sentindo reciprocidade da maneira que desejavam. E quanto aqueles que me amaram e eu não pude corresponder da forma que esperavam, independente de seus métodos, desejo que superem, pois ninguém merece viver assim. Que o tempo traga a mais profunda paz aos corações.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lugar


Num sopro de intensa melancolia,
Invadida por garoa e fumaça cinza,
Encontra-se uma alma insubmissa,
Que diante de uma cidade fria,
Mas através de uma sensação quente,
Dessas ambiciosas e latentes,
A única coisa que sente,
Surpreendentemente,
É que encontrou o seu lugar.

domingo, 30 de setembro de 2012

Fora dos Contornos


Fico pensando o quão triste é a história de muitos casais que se conhecem, se apaixonam na juventude, vivem um amor, se casam e um belo dia a relação esfria e quando vêem, parecem dois desconhecidos. Fico imaginando quantas relações são exatos retratos desta imagem... um dia desses, vi um filme no qual havia um diálogo em que uma das pessoas dizia que não importava o quanto uma mulher fosse linda, que o cara que transava com ela todos os dias, com certeza enjoaria... me pareceu algo muito triste. Mas acho isso muito real. E penso que realmente acontece todos dias. 
Contudo, não é por acaso. O que percebo é que as pessoas possuem posturas diferentes em diversas áreas da vida. No geral, no que diz respeito a carreira profissional, ao estudo, a maioria das pessoas tem um sentido evolutivo grande e aplicam toda a sua complexidade nestas questões. Elaboram planos de crescimento, caminhos através dos quais poderão ir mais longe, tentam fugir da linearidade imposta. Já na cama, nas suas vidas sexuais, isso não acontece. Mesmo pessoas complexas em outras áreas, muitas vezes são completamente medíocres na sexualidade. Seguem um esquema simplista que logo tende a se esgotar na rotina da vida.
Há muitos sites que falam sobre sexo em relacionamentos estáveis, que dão diversas dicas de como esquentar uma relação... penso que até são válidos. Mas no geral também são medíocres. Mulheres e homens deste mundo tem uma educação sexual extremamente limitada e distante uma da outra. Mulheres, quando aprendem alguma coisa sobre sexo antes de começarem a ter relações, é sob uma perspectiva cafona e precariamente romantizada e muitas vezes fortemente repressiva. Homens aprendem  o sexo a partir de filmes pornográficos, cujas relações são mecanizadas e falocêntricas. Ambos os aprendizados são equivocados... e pior, extremamente controversos. 
Enquanto essa educação (ou a falta dela) acontece, pessoas inteligentes, capazes de fazer diferente criam bloqueios muitas vezes a partir de crenças irracionais que carregam em suas vidas. E a sexualidade, o tabu universal, fica sem elaboração alguma. Ou então se reduzem a criar fantasias, personagens ou relações de absoluta submissão.
Penso que sexo é extensão de tudo o mais que somos na vida... se levamos uma vida cheia de sonhos, poesia, romance... isso pode e deve ser traduzido na cama. Também nossa capacidade técnica, objetiva, direta, pode estar lá... para que sejamos alegres sem motivo... para que quem nos veja andando na rua, saiba que amamos e somos amados. Vale é fugir de quaisquer tipos de contornos. E entender que cada relação é uma... perceber que sexo não é de um... que não há quem seja "bom de cama" sozinho... o que existe mesmo, são duas pessoas que descobrem sensações, prazeres, brincadeiras, velhos e novos desejos juntos. 
É importante que nunca, jamais, percamos o sentido de evolução e complexidade também no sexo, como sendo uma extensão daquilo que queremos para nós mesmos em todas as áreas da vida e aquilo que sonhamos para o mundo... mais cores, mais beleza, mais harmonia, mais densidade.
A sexualidade é um universo infinito, no qual sempre haverá o que descobrir. Que a nota média fique para os medíocres... que o politicamente correto seja para os que não vão além... e que as linhas retas, os esquemas prontos sejam daqueles que são incapazes de viver a liberdade... e isso não é pra mim... não é pra nós dois. Obrigada pelo fim de semana com as tintas fora dos contornos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pessoal e Político


Ao longo da minha militância já ouvi muito papo furado. Entre os diversos temas, um deles foi sobre a separação das disputas e ações pessoais e políticas. Pessoas casadas dizendo que tem lados ou opiniões diferentes e isso não afeta seus relacionamentos, melhores amigos divergindo e fingindo que tudo está bem, e alguns com a hipocrisia de afirmarem que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Discordo e penso que estas pessoas mentem. A maioria dos militantes que conheço respira política, come política com farinha, e o resto das coisas que fazem na vida é secundário. Não acredito que com tamanho envolvimento, seja possível fazer qualquer separação. Quanto mais eu observo, mas entendo que a política se faz a partir das relações humanas construídas nas suas diversas formas. Então pergunto, se é assim, como é possível haver separação? Não é possível! A julgar pelo que observo e pela minha vida. Os meus melhores companheiros na política, cedo ou tarde acabam por se tornar meus melhores amigos, porque é este o meio que eu escolhi para atuar e já que construir alianças implica em relações de profunda confiança. A política não é um mundo virtual no qual se pode sair ileso quanto as nossas subjetividades. Sentimentos, quase sempre são as principais pautas por trás de todas as pautas políticas. É na base dele que queremos ver transformação... uma das motivações primeiras das pessoas que fazem política. Também é de base sentimental e ralacional outro grande impulsionador da política, a vaidade. A vaidade só se faz por comparação, então, é preciso se relacionar com o outro para tal e é um sentimento e dos mais primitivos, observe-se Caim e Abel. A separação de questões pessoais e políticas pode ser feita para fins didáticos ou para compor discursos em homenagem ao politicamente correto... o que, diga-se de passagem, é insuportável, mas está bem na moda.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eu quero ser...


Quero ser sua viagem, seu delírio,
E quero ser também a parte mais fundamental 
Do seu diálogo trivial com a realidade.
Quero ser sua fantasia e a sua relativa verdade,
Quero ser seu melhor encontro, 
A sua mais pretensiosa vaidade.
Quero viver toda a sua humanidade 
Traduzida na inquietação do seu desejo.
E quero ser a mais sublime companhia da sua alma,
Ser seus beijos de alegria, ser a tradução da sua calma.
Quero ser a personificação do seu melhor ensejo,
Sua evolução, sua oportunidade.
Sua confusão, e as vezes até, seu medo.
Mas também... ser sua brincadeira eternizada... infinita,
Quero ser sua paz, seu descanso, sua brisa.
Quero ser a sua palavra mais sagrada e não dita.
E assim como você é na minha,
Eu quero ser, o amor da sua vida!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Veneno Feminino


O mundo feminino vigente é algo realmente muito engenhoso. Fico impressionada como a rivalidade acontece afiada e ao mesmo tempo sutil, quase invisível, principalmente para olhos masculinos. Com as redes sociais, que vieram para diminuir distâncias... novos tipos de provocação tem ganhado espaço. Diálogos ou monólogos feitos através de poemas, músicas, crônicas, fotografias e brincadeiras facebookianas estão em alta no universo feminino. Mas apesar de tudo isso ser retrato das neuroses triviais e milenares do universo referido, há uma parte muito positiva nisso tudo, as redes sociais criaram um metafórico campo de batalha que antes era feito na vida real, e volta e meia as armas eram poções de veneno. Fico feliz que o veneno destilado por aquelas que tentam ser minhas concorrentes seja metafórico.... caso contrário eu poderia não estar viva!!