Ao longo da minha militância já ouvi muito papo furado. Entre os diversos temas, um deles foi sobre a separação das disputas e ações pessoais e políticas. Pessoas casadas dizendo que tem lados ou opiniões diferentes e isso não afeta seus relacionamentos, melhores amigos divergindo e fingindo que tudo está bem, e alguns com a hipocrisia de afirmarem que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Discordo e penso que estas pessoas mentem. A maioria dos militantes que conheço respira política, come política com farinha, e o resto das coisas que fazem na vida é secundário. Não acredito que com tamanho envolvimento, seja possível fazer qualquer separação. Quanto mais eu observo, mas entendo que a política se faz a partir das relações humanas construídas nas suas diversas formas. Então pergunto, se é assim, como é possível haver separação? Não é possível! A julgar pelo que observo e pela minha vida. Os meus melhores companheiros na política, cedo ou tarde acabam por se tornar meus melhores amigos, porque é este o meio que eu escolhi para atuar e já que construir alianças implica em relações de profunda confiança. A política não é um mundo virtual no qual se pode sair ileso quanto as nossas subjetividades. Sentimentos, quase sempre são as principais pautas por trás de todas as pautas políticas. É na base dele que queremos ver transformação... uma das motivações primeiras das pessoas que fazem política. Também é de base sentimental e ralacional outro grande impulsionador da política, a vaidade. A vaidade só se faz por comparação, então, é preciso se relacionar com o outro para tal e é um sentimento e dos mais primitivos, observe-se Caim e Abel. A separação de questões pessoais e políticas pode ser feita para fins didáticos ou para compor discursos em homenagem ao politicamente correto... o que, diga-se de passagem, é insuportável, mas está bem na moda.
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