sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Presságio


Entre um imponderável e outro, constatava uma vida irreal. No intervalo, de um tempo inexorável e outro, estava uma rotina desleal. Enquanto isso, volta e meia, aparecia-lhe um presságio estanho, capaz de um confundir tamanho... num compasso surreal. Suas perguntas já não eram as mesmas, porque suas paixões de então haviam ido para algum lugar desconhecido. Observava a obviedade de seus ex-amores, manifestas na realidade ou na vida virtual, tudo lhe parecia normal... demasiadamente normal. Círculos viciosos, equívocos virtuosos. Não os julgava, nem a eles e nem a outros receptores de suas paixões de outrora. Apenas não havia em sua alma mobilização alguma em função destes. Uma sensação nova. Um intrigante sentimento. Não era vazio. Também tampouco era egoísmo. Seu espírito coletivo, seu ímpeto comunitário, constavam intactos em seu espírito. O que mudara talvez fosse a complexidade de seus interesses, a fruição do outro em sua alma já não era. Mas talvez voltasse a ser uma hora dessas... talvez de tão complexa, agora necessitaria ser simples, clara... calma.

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