quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gabriela


Não assisti a primeira versão de Gabriela e nem li o romance de Jorge Amado. Tudo que sei da série antiga devo ter visto no Vídeo Show. Portanto, esse lance que todo mundo fica fazendo de comparar uma coisa com a outra, não posso fazer, e nem quero... além de achar meio pedante. Gosto da única versão que estou tendo acesso... acho as imagens lindas, gosto das roupas e das reflexões dos personagens... talvez a primeira novela, protagonizada por Sônia Braga tenha sido melhor... contudo, detesto comparações de coisas incomparáveis... outros tempos, outra forma de ver o mundo e de interpretar uma obra. Pode ser ignorância minha, talvez a comparação seja justamente o mecanismo para ampliar nossos horizontes... mas nesse caso, minha ignorância é preciosa e implica na mais ampla felicidade... assistir novela e relaxar.
E confesso que tenho gostado especialmente das reflexões de Gabriela quanto ao fato de gostar. O turco com o qual ela tem um rolo resolveu que quer casar. E Gabriela na sua simples sabedoria sabe que naquela sociedade o casamento só serve para que ela se transforme em posse de Nassib. E toda vez que vem à tona esse assunto, Gabriela diz que gostar é simples e não tem nada a ver com casamento. Aí o homem apaixonado argumenta..." eu te darei o meu nome", Gabriela pergunta, "faço o que com seu nome, seu Nassib?"... ele responde algo mais ou menos assim "assina meu nome e será uma senhora de respeito na sociedade...", e Gabriela retruca " e para que serve ser uma senhora de respeito na sociedade?" ele fica sem resposta. 
Estou lendo o último livrinho de Rubem Alves que não lembro o nome, mas é alguma coisa relacionado a pimenta, e numa de suas crônicas ele fala sobre os gatos... que os gatos são seres inteiros e que não tem grandes carências de nada, por isso são tão auto-suficientes, sabem o que são... não tem vazios. E vendo Gabriela falar que gostar é simples e não tem nada a ver com as convenções sociais... tive a mesma impressão da personagem... um ser inteiro, sem vazio, que ama ser quem é.
Fiquei pensando que as vezes não ter nada é a mais plena liberdade... porque quem não tem nada, também não tem nada a perder e isso pode ser um estado de alegria. Não ter nada e não ficar buscando ser melhor, não ter em mente que a vida é um processo de acúmulo constante, deve ser bom, deve dar uma sensação de plenitude. Simplesmente ser. Quanto tiver fome comer, quando tiver curiosidade, olhar, quanto tiver desejo, transar... quando gostar, gostar. Sem complicações. Há quem possa dizer que isso é pobreza de espírito e animalização do ser humano. Há quem possa afirmar que isso é a máxima elevação de espírito que podemos chegar. Eu não sei.
Só sei que achei lindo: " Gostar é gostar... como a lua é a lua e as estrelas são as estrelas". E ela, é Gabriela.

2 comentários:

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  2. Amanda, achei o seu blog porque hoje pela manhã pensei em postar no meu facebook o diálogo entre Gabriela e o moço bonito, que foi ao ar ontem à noite. Achei muito mais do que isso...vc escreveu tudo o que eu estava pensando a respeito do tema. Obrigada. E um salve para Gabriela e Jorge Amado!

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