sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os amores que tive...


Os amores que tive na vida me ensinaram muito. Desde as coisas mais simples do cotidiano, às questões objetivas relacionadas ao corpo, como também, aprendi a ver as manifestações mais diversas da alma. Seja pelas carícias, seja pelas dores, aprendi com meus amores a entender quem sou. Os meus limites e extensões, as minhas demandas, lacunas, intenções. E cada alma que me foi permitido entrar, roubei um pedaço e levei comigo, em troca deixei muito de mim. Levo comigo os mais diversos diálogos guardados que ajudaram a me lapidar. Trouxe leituras de livros que jamais conheceria sozinha, filmes dos mais banais aos mais cults, músicas das pops às clássicas. Visões diferentes quanto a espiritualidade, religiosidade, formas de seu exercício. Aprendi sobre meu corpo, sobre o corpo do outro. Sobre como através das sensações físicas, chegamos mais perto da nossa própria alma e da alma alheia. Com os meus amores, aprendi sobre o ser humano, o que alguém que não ama, não aprenderia em cem anos. Aprendi sobre as palavras, como podem ser usadas, aprendi que a fala serve para a sinceridade e para outras coisas, aprendi sobre os limites da sinceridade, entendi que o outro é quase sempre parte e espera muito da gente... mas aprendi muito mais sobre os silêncios, a entender os olhares, e que as vezes assim se diz mais do que se pode falar e escrever em milênios.  Soube que apesar das guerras frias e armadas que vivemos em relacionamentos, a nossa memória, seletiva que é, guarda as cenas de ternura, e que sem elas não sobreviveríamos, nem no relacionamento, nem na vida de verdade. Entendi com os amores que tive que somos movidos e removidos de nossas zonas de conforto através do amor, que no fim, é o amor que nos motiva à vida, ao movimento, ao aprendizado, a superar nossas limitações objetivas e subjetivas... é o amor que faz com que possamos ver a nós mesmos, é o outro como espelho da gente que vai fazendo com que tenhamos alguma margem adulta de comparação. É o ato de amar que faz com que saiamos da simplicidade da infância, aos valores prontos que herdamos de nossos pais. É o amor que nos torna complexos, e quanto mais amamos, mais complexos nos tornamos, quanto maior a entrega da nossa alma a alma do outro, mais incorporamos o que a alma do outro tinha, e quanto maior o número de vezes que fazemos isso, mais diversidades passam a existir dentro de nós. E assim, o nosso código de acesso fica diverso, e quanto mais isso acontece, mais difícil fica de entregar a alma, de alguém atingir seu centro... e por isso, quanto mais são os amores que vivemos, mais sozinhos nos tornamos... porque são tantas as almas que habitam dentro de nós ao longo da história e do passar dos anos... o que nos torna únicos, com uma percepção de mundo tão vasta e profunda... que ninguém nos entende mais.

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