quinta-feira, 28 de julho de 2016
BASTA SER...
Você tá bem?
Vem comer aqui!
Quer que leve alguma coisa?
Traz Coca-cola.
Fiz um bolo, quer?
Ouve essa música, olha que linda...
Me ajuda, não tô conseguindo...
Valeu por hoje, tava difícil...
Vamos sair?
Dança comigo essa música...
Olha esse poema que eu fiz...
Você vai na reunião?
Como foi seu dia?
Você não sabe o que aconteceu hoje...
Nossa, que correria!
Vem mais perto...
Me dá um cigarro do seu, o meu acabou...
Peraí, deixa eu só fazer uma ligação...
Você tá linda!
Você parece feliz!
Dorme aqui em casa... Durmo.
Deixa a vida nos levar...
Deixo... Por que...Basta ser...
Basta ser eu, que eu me encontro com você!
segunda-feira, 21 de março de 2016
A Não ser que...
Em meio ao caos do mundo, as desconstruções de muros que pareciam tão sólidos, sua alma brincava de metaforizar tal cenário na pequena e vasta proporção de si mesma. Como se o Universo inteiro lhe fosse traduzido nas angústias de seu espírito. Uma sensação de vida-morte-vida, reflexões avassaladoras, resignificações extremas, o abandono de tantos enganos, sua reaproximação de verdades precárias, suas novas crenças. Uma alma caótica, um mundo meio apocalíptico. Sabia que estava perdida, que estariam todos perdidos, a não ser que...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Sobre Mulheres que Lutam...
Hoje atendi um caso de uma menina que se casou aos dezoito anos. Ela relatou que durante o namoro, seu companheiro era uma pessoa fantástica. Mas logo que se casaram e seu pai morreu alguns dias depois, ele passou a ser violento com ela. Ficaram casados durante dois anos. Não tiveram filhos. Ela não quis, não apenas pela agressão constante, estupro dentro do matrimonio, mas porque ele, branco dos olhos azuis, dizia para ela, negra, que se tivessem um filho, a criança deveria nascer da cor dele, caso contrário, seria porque ela o traía. Ela se separou. Fortaleceu-se. Chegou até a delegacia depois de um relato de uma amiga de que nós aqui poderíamos ajudar. A mãe dela testemunhou a seu favor e também relatou uma longa história de violência doméstica até o dia em que ficou viúva. Chorei por elas... duas mulheres negras, pobres, que carregam o mundo nas costas. Sorri por elas... estão vencendo o medo, denunciando a violência. Aprendendo que a única opção que temos é lutar!
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Afirmação Tênue
É sobre a poesia ausente à vida que se faz poema,
Transformando um cenário cinza em versos vãos.
Enquanto a vida é concreto, é energia mal gasta,
É estética sem graça... a poesia é o sopro do sonho,
A conexão com uma identidade usurpada,
A afirmação tênue de que as paixões continuam ali.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Um pedaço a menos...
A cada palavra mal dita, um desamor... um pedaço de mim a menos existe no seu universo. A cada dizer não complexo, vitimismos que maquiam um pensamento rudimentar, sou menos tua... minha alma fica menos nua diante de você. Não hei de te cobrar ser o que não é... mas não serei por ti o que intuitivamente desejas ser e não és. Toma tua própria alma nas mãos, lapida teus cantos escuros... assume o que é teu ou o que te falta ou te despeça da complexidade da minha alma, que não podes alcançar.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Autobiografismos
As vezes se sentia Pedro, as vezes, era Raul... e numa luta constante contra tudo quanto era capaz de criar dentro de si usurpação da identidade, assim ela ia... as vezes ia e não voltava... as vezes nem ia... só ficava, assistia, uma dança estranha que a consumia, movimentos de corpo que lhe paralisavam a alma... remédios ineficazes, construindo uma pseudo calma. Então aquela que era ela realmente, se revoltava diante de tantas faces medíocres, estímulos vazios... e as máscaras que iam surgindo, precisavam sempre ser renovadas numa tentativa frustrada de encontrar-se pelo método errado. Um passo antes do fracasso... não objetivo, socialmente aceito ou não... o fracasso de negar-se a si mesmo.... não encontrava palavras para as contradições... eram tantas. Todas eram amandas, mas nenhuma era realmente ela, aquela que no fundo sabia onde estava, mas não acessava... mas estava lá para lhe dizer que nada ia bem... optava então por uma dose autêntica de conhaque barato, um cigarro... que pobre metáfora de si mesma...
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Narrativa Insética
Eram quatro, em meio a imensidão do mar, dentro de um barco qualquer à deriva. Mas ao mesmo tempo que as identidades daqueles seres permanecia intacta, não eram eles, sua forma era forte, esoesquelética... contudo, de uma estatura minúscula. Seguiam mar a fora, sob a liderança de um deles, cuja aparência não oferecia nada de especial, era tão frágil e feio quantos os demais que ali estavam perdidos, porém sem haver neles todos, nenhuma consciência disso. Sentiam-se confiantes, como quem dominava naquelas águas infinitas, sem saber ao certo de onde vinham e para onde iriam... apenas levavam consigo a sensação de que suas vidas quaisquer eram extremamente relevantes. Ironia... quatro insetos navegantes que se sentiam praticamente vikings, desbravadores, pontas de lança da formulação para um mundo novo. Tudo lhes parecia oportuno, cada brecha, situação adversa lhes era atraente e uma oportunidade para o exercício de sua petulância. Quem os visse de cima, sentiria por eles um misto de repulsa diante da distorção que suas auto-imagens lhes forneciam, como também uma certa admiração por que tal distorção dava a eles uma coragem sem precedentes. Sentiam-se assim, como que algo uno, sem precedentes... e talvez fossem mesmo, talvez dali fosse possível nascer grandes soluções. Todavia, a ausência de linearidade da vida não poupou a pobre existência daqueles quatro artrópodes... talvez se tivessem tido todas as condições favoráveis, seriam o que nenhum outro conjunto de seres pequenos puderam ser. Mas não. A vida é assim, nenhuma trajetória se daria em meio a apenas condições positivas... os grandes sempre passam pelo deserto, ou no caso de quem navega, pela tempestade, quem vive nestes extremos, se continuar a viver, jamais volta a ser o que era. A chuva chegou, o mar passou de calmo a revolto, atingindo aquele pedaço ínfimo de existência. E então, já não eram quatro... tornaram-se três. E em terra firme, já em forma comummente humana, através de seu inimigo, lhes fora entregue os restos mortais inséticos de um companheiro! Com a finitude daquele, jamais foram os mesmos artrópodes petulantemente navegantes ao mar! Eram alguma coisa qualquer, uma lembrança, uma brisa daqueles tempos de mocidade.
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