domingo, 3 de julho de 2011

Preguiça


Desde criança ouço que depois que pára de chover em pleno inverno, faz frio... não sei se deu certo sempre, mas desta vez sim. Parou de chover e agora está um frio de doer os ossos... e eu, estou deitada no sofá com o computador na mão e a TV ligada, passando Matrix pela enésima vez... isso é, fazendo nada, só jogando conversa fora no blog, pra ver se no final sai alguma coisa razoável que eu possa publicar... uma preguiça sem precedentes!!!! Semana que vem vai ser loucura... pelo menos três viagens e no sábado eu precisava ser duas, porque tenho dois compromissos em cidades muito distantes, mas, claro, alguém vai no meu lugar em uma delas... tenho que dar aula duas noites na semana e ainda cumprir atividades caseiras e familiares, ir na terapia, terminar artigo... enfim, hoje é domingo e fico pensando em tudo o que tenho que fazer na semana que vem e só de pensar tenho preguiça. O certo seria eu levantar agora, e adiantar minhas atividades, começar preparar aula, por no papel tudo que tenho que fazer na semana, me organizar, para que amanhã, ao amanhecer o dia, eu possa só operar... mas não vou fazer isso. Detesto excesso de racionalidade, disciplina, auto-controle. Claro que só detesto porque são qualidades que não tenho, prefiro ir dando conta das coisas como se elas fossem uma livre apresentação de dança, na qual a gente vai  inventando conforme a música toca, do que encarar a vida como um desfile militar, com tudo perfeitamente ensaiado... por isso, hoje me dou o direito à preguiça, assumindo conscientemente o ônus de ter uma semana ainda mais corrida!!!

sábado, 2 de julho de 2011

Jantares Inteligentes

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Você já foi a um jantar inteligente? Jantares inteligentes são frequentados por psicanalistas, artistas plásticos, músicos, atores, jornalistas, publicitários (com a condição de falar mal da publicidade), médicos (esses porque, como é sempre chique ser médico, não se dispensa médicos nunca), produtores, "videomakers", antropólogos, sociólogos, historiadores, filósofos.

Administrador de empresa não pega bem (a menos que tenha um negócio sustentável). Engenheiros, coitados, só vão se forem casados com psicanalistas que traduzem pra eles esse mundo de gente inteligente. Advogados podem ir porque é sempre necessário um cínico inteligente em qualquer lugar. Pedagogas, só se casadas com esses advogados e por isso talvez consigam bancar amizades chiques assim.

Ricos são sempre bem-vindos apesar de gente inteligente fingir que não gosta de dinheiro. Pobre só se for na cozinha, mas são super bem tratados. Claro, tem que ter um amigo gay feliz.

Essa gente é descoladíssima. Seus filhos estudam em escolas de esquerda, claro, do tipo que discute o modelo cubano de economia a R$ 2 mil por mês.

Quando viajam ficam em lugares que reúne natureza "pura", tradição (apenas como "tempero do ambiente") e pouca gente (apesar de jurarem ser a favor da democracia para todos, só gostam de passar férias onde o "povo" não vai).

Detalhe: é essencial achar todo mundo "ridículo" porque isso faz você se sentir mais inteligente, claro.

Quanto à religião, católica nem pensar. Evangélicos, um horror. Espírita? Coisa de classe média baixa. Budista, cai muito bem. Judaica? Uma mãe judia deixa qualquer um chique de matar de inveja. Judaísmo não é religião, é grife.

Mas o que me encanta mesmo são as "atitudes" que se deve ter para se frequentar jantares inteligentes assim. Claro, não se aceita qualquer um num jantar no qual papo cabeça é o antepasto.

Quer saber a lista de preconceitos que pessoas inteligentes têm? Qualquer um desses "gestos" abaixo você pode ter, que pega bem com comida vietnamita ou peruana.

1) A Igreja Católica é um horror e o papa Bento 16 é atrasadíssimo. Claro que não vale ter lido de fato nada do que ele escreveu;

2) Matar Osama bin Laden sem julgamento foi um ato de violência porque terroristas são pessoas boazinhas que querem negociar a paz em meio a criancinhas;

3) Ter ciúmes é coisa de gente mal resolvida;

4) Se algum dia um gay lhe cantar e você se sentir mal com isso, você precisa rever seus conceitos porque gente inteligente nunca tem mal-estar com coisas assim;

5) Se seu filho for mal na escola, minta. Se alguém descobrir, ponha a culpa na professora, que é mal preparada pra lidar com crianças como seus filhos, que se preocupam com as baleias já aos 11 anos e discutem a África no Twitter;

6) Caso leve seus filhos à Disney, não conte a ninguém, pelo amor de Deus!;

7) Acima de tudo, abomine os Estados Unidos, ache Obama ótimo e vá à Nova York porque Nova York "não são os Estados Unidos";

8) Não seja muito simpático com ninguém porque gente simpática é gente carente e gente assim procura "eye contact" em festas. Um conselho: olhe sempre para um ponto no horizonte. Assim, se alguém falar com você, ela é que é carente;

9) Ache uma situação para dizer que você conhece uma cidadezinha no sul da Itália e lá ficou hospedado na casa de uma amiga brasileira casada com um italiano que defende o direito dos imigrantes africanos e odeia Silvio Berlusconi;

10) O ideal seria se você tivesse passaporte italiano também;

11) Se alguém falar pra você que não dá para pagar direitos sociais e médicos para imigrantes ilegais na Europa, considere essa pessoa um "reacionário de direita", mesmo que você não aceite sustentar alguém que não seja você mesmo e sua família (no caso da família nem sempre, claro);

12) No conflito israelo-palestino, não tenha dúvida, seja contra Israel, mesmo que morra de medo de ir lá e não tenha lido uma linha sequer sobre a história do conflito;

13) Se você se sentir mal com a legalização do aborto, minta;

14) Deixe transparecer que só os outros transam pouco;

15) Seja ateu, mas blasé.



Haicai - II


É dele ou meu...?
Esse sim ou esse não,
É contradição!

Haicai



Lá fora chuva,
Na alma melancolia,
Amanhã Dia!

Velhice

A velhice não é uma coisa bonita... é feia. Deve ser difícil envelhecer... é o contrário de crescer quando se é criança... na infância temos o desejo por ser grande, e ficamos à espera disso, ansiosos para viver o que naturalmente virá até nós... cheios de esperança, de expectativas de como será nossa vida, se seremos pessoas dignas de méritos. Já na velhice, é o contrário, há uma fragilidade, como na criança, mas que não é marcada por esperança, expectativa, perspectiva, é marcada pelo passado, pela saudade, pelo que foi... enquanto na infância, ainda que de forma intuitiva, sabemos que estamos em ascensão, na velhice, temos a certeza de que estamos em decadência. Me parece triste envelhecer... melancólico. Porém, já vi gente encarar a velhice de forma bonita, com sorriso no rosto, serenidade... como se estivesse contente. Provavelmente essas pessoas, que encaram bem a velhice, além de terem vivido uma vida da qual se orgulham, possivelmente, atingiram uma sabedoria que o tempo traz... e por mais que eu saiba que ela existe, porque podemos observá-la nos olhos das pessoas, ainda não almejo tê-la, mas espero encontrar este caminho ao longo da vida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Silêncio

Como quase sempre falo (ou escrevo) mais do que deveria... eis aí, meu estado de espírito desta madrugada!!!

Sabotagem



Como sempre... não consigo esconder meu estado de espírito. Sou assim, não quero e não posso ser diferente. Quando algo habita em mim, logo se expande e se mostra... claro, que é preciso um pouco de sutileza e auto-preservação... geralmente quando preciso ser mais sutil do que gostaria, escrevo poemas, que na verdade são todos auto-biográficos, mas por ser poesia, permitem várias interpretações diferentes, então me sobra uma margem para negar algo que eu visualize necessário. Porém, o fato é que as minhas emoções, sentimentos, bons e ruins, sempre aparecem... porque como tudo em mim é muito intenso, não cabe dentro, tem que sair!!!
E confesso que preferiria hoje escrever um poema... mas os poemas tem vontades próprias, vem à mim quando querem, e não pela minha vontade, quando forço, deixam de ter valor artístico, por isso é melhor deixar que eles aconteçam e não forçar. Por isso, na lamentável ausência deles, vamos as teses no formato de crônica, como tantas vezes tenho feito.
O fato é que estou incomodada. Sentindo-me estranha, uma felicidade combinada com indignação... uma sensação de que há duas de mim, e que estão em guerra. A psicanálise diz que quando desejamos muito algo, e não temos a certeza que aquilo se realizará, geralmente o inconsciente vai lá e nos sabota... e porquê? Por que assim, vamos há um exemplo: Digamos que há muito tempo, fulano de tal desejava uma camisa nova branca, seu sonho momentâneo era esse... aí o fulano, guardou dinheiro por meses até que pode comprar sua camisa que tanto desejava... até que depois de comprar e finalmente ter a oportunidade perfeita de usá-la, eis que na primeira ocasião, o fulano derruba mostarda em seu objeto de desejo e mancha a camisa e nunca mais sai.
Isso significa, que o inconsciente, de certa forma, o estava protegendo... porque aquele desejo extremo por uma camisa estava desequilibrando a rotina do fulano, então, o inconsciente que sempre joga contra a gente, ao invés de criar recurso interno pra fazer o fulano se adaptar a nova realidade, foi lá e eliminou o problema, e fez com que ele manchasse a camisa, destruindo a possibilidade de realização do desejo.
O que isso ter a ver comigo? Tudo... me sinto assim, desejando muito... eu que me considero uma mulher rara, que combina como ninguém inteligência, beleza, charme, carisma, presença entre tantas outras coisas (e humildade também, como vocês podem perceber)... me sinto uma adolescente, uma menina insegura, com medo de meu desejo dar errado ou dar certo... com medo de eu acabar sabotando inconscientemente uma coisa que promete ser boa.
É tudo sempre muito delicado nesse jogo dos relacionamentos, o fato é que não é simples perceber a linha tênue daquilo que podemos expor ou não... as vezes parece que ganha aquele que se mostrar menos, aquele que parece que gosta menos... e na boa, tenho certeza que se isso realmente for um jogo, vou perder, porque exposição, como disse antes, é inerente a mim, me compõe... então certeza que vou me ferrar. Por que vou mostrar sempre mais do que manda o figurino, vou declarar sempre aquilo que sinto, vou me entregar sempre mais do que deveria, vou acreditar mais do que todo mundo acredita. 
Qual é a vantagem? A vantagem que posso ter a sorte de alguém que me interesse notar isso como uma qualidade... na verdade, egocêntrica que sou, alguém só me manterá interessada, se essa característica lhe for interessante, se gostar desse meu jeito sincero como não se pode ser... desses meus erros assim tão vulgares. 
É fato que posso até me mostrar mais do que devo, gostar primeiro, mas não suporto falta de reciprocidade, me apaixono pelo outro, mas tenho uma sensibilidade aguçada e bem treinada pra saber onde piso... me apaixono pelas qualidades do outro, mas apaixono também pela capacidade alheia de demonstrar afeto. Não curto gente traumatizada no básico... com incapacidade muito básica do ponto de vista subjetivo, gosto e procuro me relacionar com gente que tenha o mínimo de capacidade de troca e que não tenha uma intenção de transformar relacionamento em mercado de consumo... parece que hoje meu desejo andou acertando, mas confesso que estou com um medo imenso e citando Chico Buarque, tenho a sensação de "estar doente de uma folia"... mas escrevo, verbalizo, para justamente driblar meu inconsciente e não me sabotar (se é que não acabei de fazer isso neste post), e claro, pra colocar pra fora aquilo que não cabe mais em mim...