terça-feira, 31 de julho de 2018

Arquétipos


Discernir as formas de pensamento, 
Conteúdos reprimidos ou esquecidos, 
Os mesmos em toda parte, 
Em todos os indivíduos. 
Complexos de tonalidade emocional, 
E intimidade pessoal da vida anímica. 
Ou tipos arcaicos ou primordiais, 
Originalmente provindos 
De uma fórmula historicamente elaborada. 
Dados  imediatos nos níveis mais altos 
Dos ensinamentos secretos e sagrados, 
Dispensavam (ou não) explicações objetivas do óbvio. 
Necessidades imperativas impelidas 
Irresistivelmente a assimilar 
A experiência externa sensorial. 
Exterioridades banais mas que não eram 
De modo algum alegorias quaisquer. 
Eram na verdade uma pequena representação 
Do que a experiência humana 
Conseguiu aprender através da projeção. 
Elementos espalhados nos fenômenos da natureza. 
Relação entre os mitos e os acontecimentos anímicos. 
Sabedoria revelada, 
As vestes externas estranhas do processo 
Guardavam câmaras de tesouros 
Num paradoxo quase isento de sentido. 
Fantasias filosóficas? 
Um emaranhado de neuroses? 
Ou uma invejável compreensão da vida? 

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Particular selva sem lei


Voluntária separação do corpo e da alma, 
Extraordinária excitação. 
Os abismos concretos da cidade,  
A razão que oferecia pouca resistência a paixão, 
Numa série de oposições e contrastes, 
Representação!
Bem definida, a constituição do desejo, 
A emergência do simbólico,
A superação da teoria, 
A pulsão propriamente dita. 
Trabalho meticuloso, inscrito no inconsciente, 
Objeto de reintegração com a vida.
Em contraste ao tédio resistente. 
Opostamente ao que se omite, 
Da estreiteza do limite... 
A confusão original do Um. 
Que se dava em meio ao nada, 
Sem aparatos alienantes, em quaisquer camas,
No cinema, nas ruas, na estrada! 
Em sua particular selva sem lei...
Ele refletido nela,
Gozava como rei!

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Significações Perturbadoras


Às margens da hesitação, partilhavam entusiamos. De cada arte praticada, cuja finalidade pautava somente o alimentar da vida, encontravam-se comicamente deslumbrados com o sucesso de uma pequena parte da conquista. Em meio a rusticidade dos machismos em desconstrução, trocaram sensibilidades e códigos de acesso pertencentes ao mesmo reino das subjetividades. E compartilhavam uma experiência de abrasadora dispersão. Sensações quase sagradas, risos, só que não... Mesmo que toda experiência sensual nos coloque em face ao outro... causando um certo abandono necessário aos delírios dos corpos e dos desejos, guardava-se uma certa essência de imortalidade. Mas não sem perceber os receios dos próprios demônios,  fosse porque lhes resistiriam, ou fosse porque se entregariam a eles. No entanto, as alucinações do medo eram quase tão absurdas como as da esperança... E estas últimas, conheciam bem... Guardavam-na. Afinal, o desfecho que parecia tão próximo poderia não ser necessariamente imediato... Já que o ser humano é um amontoado de humores nem sempre previsíveis. Os diálogos? Vagas expressões, as vezes demasiado banais... Mas não era deles, os assuntos ditos e falados, o protagonismo da história... Anos de olhares embevecidos de significações perturbadoras. Olhares subitamente iluminados carregados de expressões apreciadoras... Estes, sim, tinham muito a dizer!