Havia um medo ao constatar o que configurava na sua própria subjetividade. Por isso, procurava palavras que não fossem as suas. Buscava outras falas que pudessem lhe copiar a alma, transcrever o que não podia. Mas naqueles instantes não encontrou sua tradução em outros versos, lábios ou dizeres, teve assim de enfrentar suas próprias palavras, ditas ou por dizer, já que a fruição alheia a deixou só... tudo lhe deixou só naquele contexto severamente conhecido. Antes do fim do dia experimentou uma diversidade sentimental cortante, logo saída de sensações extraordinárias e estranhas... o mesmo degrau que poderia dar impulso a uma tão ansiada glória futura, legitimava a percepção das sumidades repartidas. Pensava se teria caído na grande tentação de simplificar as coisas ao procurar com tanta obstinação um acaso. E, em um instante, sua memória sentimental posicionou-se novamente, plena, com suas angústias intactas, pode lembrar de cada detalhe que legitimara sua partida. Sentiu em seu corpo uma vulnerabilidade gerada pelas súplicas néscias de seu coração. Teve vergonha dos seus pensamentos primeiros e primários e de sua declaração, mesmo sendo verdadeiros. Não queria retificar rápidos julgamentos mecânicos contaminados de uma repentina baixa autoestima, dar lugar para elaborações provincianas e apressadas. Preferia esperar que suas ideias se ampliassem... e naquele vislumbre, só podia pensar em o quanto sua ausência daquele tempo e lugar era para si absolutamente necessária!
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