Eram quatro, em meio a imensidão do mar, dentro de um barco qualquer à deriva. Mas ao mesmo tempo que as identidades daqueles seres permanecia intacta, não eram eles, sua forma era forte, esoesquelética... contudo, de uma estatura minúscula. Seguiam mar a fora, sob a liderança de um deles, cuja aparência não oferecia nada de especial, era tão frágil e feio quantos os demais que ali estavam perdidos, porém sem haver neles todos, nenhuma consciência disso. Sentiam-se confiantes, como quem dominava naquelas águas infinitas, sem saber ao certo de onde vinham e para onde iriam... apenas levavam consigo a sensação de que suas vidas quaisquer eram extremamente relevantes. Ironia... quatro insetos navegantes que se sentiam praticamente vikings, desbravadores, pontas de lança da formulação para um mundo novo. Tudo lhes parecia oportuno, cada brecha, situação adversa lhes era atraente e uma oportunidade para o exercício de sua petulância. Quem os visse de cima, sentiria por eles um misto de repulsa diante da distorção que suas auto-imagens lhes forneciam, como também uma certa admiração por que tal distorção dava a eles uma coragem sem precedentes. Sentiam-se assim, como que algo uno, sem precedentes... e talvez fossem mesmo, talvez dali fosse possível nascer grandes soluções. Todavia, a ausência de linearidade da vida não poupou a pobre existência daqueles quatro artrópodes... talvez se tivessem tido todas as condições favoráveis, seriam o que nenhum outro conjunto de seres pequenos puderam ser. Mas não. A vida é assim, nenhuma trajetória se daria em meio a apenas condições positivas... os grandes sempre passam pelo deserto, ou no caso de quem navega, pela tempestade, quem vive nestes extremos, se continuar a viver, jamais volta a ser o que era. A chuva chegou, o mar passou de calmo a revolto, atingindo aquele pedaço ínfimo de existência. E então, já não eram quatro... tornaram-se três. E em terra firme, já em forma comummente humana, através de seu inimigo, lhes fora entregue os restos mortais inséticos de um companheiro! Com a finitude daquele, jamais foram os mesmos artrópodes petulantemente navegantes ao mar! Eram alguma coisa qualquer, uma lembrança, uma brisa daqueles tempos de mocidade.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Filosofia Simplória
Era uma verdade que a sua vida estava repleta de melancolismos e incômodos... mal saia de um conjunto de questionamentos, enfiava-se em outros tantos novos, porém anacrônicos, dentro de um eterno reciclar de filosofias simplórias. Vendo assim, pelos prismas comuns dos cotidianos materializados em bençãos e maldições combinadas paradigmaticamente... aquela existência parecia um tanto entediante. Todavia, não era! O tédio aparente que lhe estava impresso parecia enorme, somente porque, tudo lhe era gigante. O que evidenciava justamente a ausência total de tédio. Bastava um dia melancólico, e pronto, já coloria sua vida de tons pastéis como se houvesse ali uma rotina dolorosa. Não que mentisse para si, mas sua intensidade a confundia os sentimentos e teorias a ponto de por vezes, diante de seus espasmos, rotular a vida com base nas últimas 24 horas.
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