Era uma vez Maria... Maria tinha doze anos e morava no sítio, tinha três irmãos mais novos do que ela. Sua mãe estava no segundo casamento, era alcoólatra. Em uma noite comum, o padrasto de Maria foi até seu quarto e abusou dela. Ela não tinha defesa e sua mãe, que também sofrera a vida toda, não pode protegê-la, e não quis. Na sua ausência de recurso interno, percebeu o fato, que aos poucos fora se tornando uma constante, e foi embora de casa, deixando para Maria criar seus três irmãos. O padrasto, que abusou de Maria, tomou Maria como sua mulher no lugar de sua mãe. Ela foi crescendo neste ambiente, violentada todos os dias, não só pelo padrasto, que agora era seu "marido", mas pela vida. Maria teve três filhos com esse homem. Cuidou da casa, dos três irmãos, dos três filhos, começou a trabalhar de doméstica para sustentar a casa. O "padrasto-marido" a agrediu a vida toda, agrediu seus filhos. Maria depois de três décadas sofrendo tudo isso, resolveu procurar ajuda, porque o homem, mesmo aos 75 anos, ainda a ameaça e a agride. Esse é um pouco do retrato do que acontece em milhares de famílias brasileiras. Esse é mais um relato que diz sobre a nossa triste realidade, a realidade de uma sociedade machista, patriarcal que naturalizou a violência contra à mulher. Há muita luta pela frente e o silêncio não faz parte dela. De um jeito ou de outro, guardadas diferentes proporções, somos todas como Maria. Mas é preciso aprender a dizer Não.
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