quarta-feira, 26 de junho de 2013

E sorria...


Ela era capaz de explicar muitas coisas... sempre gostara de elucubrações infinitas. Fosse em seus assuntos cotidianos ou ainda nos temas relacionados aos corações de outrem. Ela de boca e olhos falantes, quase sempre conseguia escutar e entender os silêncios também. Aos poucos, depois de muito articular palavras, aprendera que por vezes o calar poderia ser mais gritante do que quaisquer gritos. Uma vida intensa... uma percepção deveras imensa. Estudos minuciosos de personalidades alheias... observações sem fim. Mas de repente (nas palavras do poeta... "não mais que de repente"), perdeu-se. Pois  desta vez não. Não sabia descrever. Seus olhos calaram diante do que lhe parecia inexplicável. E sua boca só fazia... disparar disparates. Ela não podia entender aqueles olhos caídos, não podia interpretar aqueles gestos, as vezes secos, as vezes mistério. Não encontrava nexo. Contudo... apesar de um incomodo sem fim transpor a totalidade do seu ser, havia um gosto. Um prazer na surpresa. Uma deliciosa sensação de admiração verdadeira ao semi-desconhecido. Sentia-se autêntica, viva, plena, plenamente surpreendida. Uma estranha felicidade. Talvez ele fosse um mistério que ela jamais desvendaria. Mas não havia nada a perder... o presente já lhe havia sido dado pela vida... a alegria de perder-se a trazia mais perto de si mesma. E sorria...

Nenhum comentário:

Postar um comentário