terça-feira, 19 de abril de 2011
"Desorganizando, eu posso me organizar"
Viver não é, definitivamente, uma coisa simples. Creio que nunca chegaremos a uma plenitude, a uma felicidade absoluta (pelo menos não nesta vida que conhecemos)... mas buscá-la sempre é ter esperança. É construir para que o mundo seja melhor, ou para que o nosso mundo interno seja melhor... mas o fato é que muitos seres humanos jamais fizeram essa reflexão, nunca lhes foi dado recurso para tal, a produção e a reprodução da vida material os dominou de tal forma que sua humanidade, capacidade de sublimação nunca veio à tona, nunca foi desenvolvida, e aí, penso que muita gente vegeta, num sistema econômico cruel que sobrevive oprimindo mesmo uma imensa maioria e não permitindo que a maior parte dos seres humanos reflita sobre si mesma. Isso é realmente um problema terrível, e a forma que eu encontro de fazer diferença e combater isso, é através da militância política, pois é a política que faz da vida das pessoas mais esquecidas, melhor ou pior.
Mas o tema desde post não é esse, o tema do texto é sobre aquelas pessoas que tiveram acesso a reflexão, que foram de certa maneira estimuladas para buscar um mundo melhor, cuja consciência um dia foi acordada, e mesmo assim em determinado momento esquecem quem são. Numa metáfora matrixiana, depois de tomarem a pílula vermelha, voltam atrás querendo a pílula azul... não querem assumir quem são, ou quem poderiam ser se suas atitudes fossem outras.
Essa é uma categoria de pessoas que eu no alto dos meus vinte e cinco anos, sinceramente, não consigo compreender... talvez esse meu um quarto de século seja ainda muito pouco para entender como se constitui a desesperança e o comodismo, ou até mesmo o enganar-se a si mesmo. Sim, muitas destas pessoas que se acomodam até constróem uma aura em volta delas de que acreditam que podem mudar, que vão mudar, mas o tempo passa e nada muda...pessoas que se escondem atrás de uma falsa esperança, uma esperança que não tem vínculo real com a realidade, um senso prático. Isso também é um profundo comodismo que entra na categoria tema deste post.
Enfim, a conclusão é nenhuma... não entendo, tenho em mim, há muito tempo, desde o início das minhas reflexões mais primárias, um ímpeto de que desorganizando eu posso me organizar... uma força que não me deixa na zona de conforto por muito tempo... talvez isso seja um privilégio dos vinte e poucos, ou talvez apenas um privilégio de poucos... mas agradeço por ter... e termino a reflexão, como quase sempre, indignada, com uma frase genial que não sei de quem é, mas é de alguém importante, que está escrita na parede do consultório do meu psicólogo: "É verdade que quem quase morre ainda está vivo, porém quem quase vive já morreu".
Se alguém gastar seu tempo lendo o que escrevo, indigne-se, desorganize-se...para reorganizar.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Sobre política e jardinagem
Roubado do Blog Idéia Certa, do André Guimarães...
Por Rubem Alves
De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim "vocare", quer dizer "chamado". Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um "fazer". No lugar desse "fazer" o vocacionado quer "fazer amor" com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
"Política" vem de "polis", cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos os moradores da cidade.
Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades; sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu "o que é política?", ele nos responderia, " a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas".
O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.
Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.
Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante.
Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: "Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade.... Ao contrário dos "legítimos" políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem." Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.
Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolês.
Escrevo para vocês, jovens, para seduzí-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês.
A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?
Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são crueis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem.
Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros.
Eram lenhadores e madeireros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.
Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Amigas
Tem tanta gente maravilhosa que faz ou fez parte da minha vida que eu não consigo contar... gente que me ensinou e ensina muitas coisas, todos os dias... tem algumas pessoas que toda vez que eu tenho um projeto importante na vida, faço questão de conversar... gente bem diferente de mim, pessoas diferentes umas das outras, mas que são fundamentais na minha vida... que me dão conselhos ou sugestões que qualificam as minhas ações. Eu que sou crente, acredito que estas pessoas são presentes de Deus.
Mas hoje quero fazer um recorte no que diz respeito a essas pessoas especiais. Quero falar das amigas... como é bom ter amigas, poder rir e chorar com elas, conversar de coisas mais fúteis como maquiagem e sapatos, ou questões absolutamente profundas como a sexualidade ou a afetividade...
E o bom mesmo é que para as melhores amigas não é preciso provar muita coisa... para a família é sempre preciso provar, os familiares são sempre parte das nossas relações porque os seus egos se constroem muitas vezes baseados no nosso sucesso ou fracasso, somos sempre uma espécie de extensão narcísica de pais, mães e irmãos, seja para o lado positivo ou negativo. Para os cônjuges ou companheiros também quase sempre precisamos provar algo, há sempre uma troca direta, e uma cobrança também direta, e as nossas ações interferem diretamente na vida do outro, por isso nunca é uma relação totalmente imparcial...
E ainda tem os amigos... eu acredito em amizade sincera entre homens e mulheres, acho possível, mas penso que não é fácil de encontrar, geralmente funciona quando ambos já sublimaram um desejo ou interesse que existia inialmente...que foi ou não concretizado.
Mas com as amigas é algo especial, terapêutico, mais desisteressado... tenho amigas muito diferentes umas das outras mas todas elas tem um lugar especial dentro do meu coração... e muitas delas me surpreendem imensamente, me surpreendem como cuidam destas amizades, quase sempre muito melhor que eu... ligam, se preocupam, acompanham o blog... acho que sem amigas eu não teria sobrevivido até aqui, não teria me formado em Direito, não suportaria estar sempre em Curitiba, não teria sobrevivido aos meus relacionamentos amorosos confusos, não teria aprendido sobre bons hábitos alimentares, não teria aprendido a me maquiar, comprar sapato, roupa, bolsa... não seria uma pessoa politizada, não teria aprendido a me defender dos caras canalhas... enfim, sem as amigas, eu não seria quem eu sou, seria uma outra pessoa qualquer infinitamente mais vazia...
Por isso faço este humilde post em homenagem as minhas queridas amigas, sejam elas daqui de Maringá ou sejam de tantos outros lugares deste Brasil nos quais elas estão espalhadas... amo vocês.
domingo, 3 de abril de 2011
Antes que seja tarde - Pato Fú
Devido a minha falta de inspiração...acho que essa música contempla...
olha, não sou daqui
me diga onde estou
não há tempo não há nada
que me faça ser quem sou
mas sem parar pra pensar
sigo estradas,sigo pistas pra me achar
nunca sei o que se passa
com as manias do lugar
porque sempre parto antes que comece a gostar
de ser igual, qualquer um
me sentir mais uma peça no final
cometendo um erro bobo, decimal
na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração
pelas minhas trilhas você perde a direção
não há placa nem pessoas informando aonde vão
penso outra vez estou sem meus amigos
e retomo a porta aberta dos perigos
na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração
olha, não sou daqui
me diga onde estou
não há tempo não há nada
que me faça ser quem sou
mas sem parar pra pensar
sigo estradas,sigo pistas pra me achar
nunca sei o que se passa
com as manias do lugar
porque sempre parto antes que comece a gostar
de ser igual, qualquer um
me sentir mais uma peça no final
cometendo um erro bobo, decimal
na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração
pelas minhas trilhas você perde a direção
não há placa nem pessoas informando aonde vão
penso outra vez estou sem meus amigos
e retomo a porta aberta dos perigos
na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração
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